Trabalhadores da Águas do Porto surpresos com demissão de administradora

Administradora executiva demitiu-se, depois de ter feito um ajuste directo de 12.683 euros para comprar relógios destinados aos funcionários com 40 anos de casa

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Aguiar Branco foi eleita nas listas de Rui Moreira Nelson Garrido

A Comissão de Trabalhadores da Águas do Porto revelou-se surpreendida com a demissão da administradora Adriana Aguiar Branco, alegadamente responsável por um ajuste directo para oferecer 16 relógios, com o valor total de 12.683 euros, a funcionários da empresa municipal.

Em declarações à Lusa, esta sexta-feira, Carlos Cunha, da Comissão de Trabalhadores (CT), disse que aquela estrutura recebeu com "surpresa" a informação de que Adriana Aguiar Branco se demitiu do cargo de administradora executiva e de que pretendia dar relógios aos trabalhadores mais antigos da casa, até porque os funcionários com 40 anos de serviço foram, no sábado, na festa da empresa, distinguidos com "uma placa de acrílico, simbólica".

De acordo com o portal Base, onde são divulgados contratos públicos, a Águas do Porto decidiu, no início de Setembro, fazer um ajuste directo para comprar "16 relógios", por 12.683 euros mais IVA, no "prazo de 18 dias". Segundo a edição desta sexta-feira do Correio da Manhã, "os objectos não foram entregues após instruções" de Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto, enquanto Adriana Aguiar Branco "pôs o lugar à disposição e a demissão foi aceite" pelo autarca.

Aquele diário acrescenta que "está a ser negociada a devolução dos relógios", que seriam para "oferecer aos funcionários mais antigos da empresa municipal, na comemoração dos dez anos da Águas do Porto, no sábado".

"Não sabíamos de nada, nem da demissão, nem dos relógios", admitiu Carlos Cunha, da CT, revelando que aquela estrutura vai marcar uma reunião para debater este assunto. De acordo com o trabalhador, que tem 36 anos de serviço (a empresa municipal foi criada há dez anos, mas sucedeu aos Serviços Municipalizados de Águas e Saneamento do Porto), "nunca aconteceu" a empresa dar relógios aos funcionários. "No programa interno da festa, divulgado aos trabalhadores, referia-se: '40 anos de serviço: cerimónia de distinção dos colaboradores com 40 anos de dedicação'". "Entregaram uma coisa em acrílico, simbólica, achamos normal", descreveu o membro da CT.

Contactada pela Lusa, Adriana Aguiar Branco, remeteu explicações para o gabinete de comunicação da autarquia. Nuno Santos, adjunto do autarca, disse à Lusa que a substituição de Adriana Aguiar Branco será feita em reunião camarária e, questionado sobre a devolução dos relógios, disse não ter "nada a acrescentar" relativamente às informações já divulgadas.

Na sua página do Facebook, Adriana Aguiar Branco revelou ter terminado na quinta-feira, a seu pedido, funções como administradora da Águas do Porto. "Ser livre e independente também é isso, ser consequente com as decisões que se tomam e assumi-las", explicou, assegurando que continua a "apoiar Rui Moreira".

Em 2013, Adriana Aguiar Branco foi eleita para a Assembleia Municipal do Porto pela candidatura do independente Rui Moreira, tendo ocupado o cargo de deputada municipal entre Outubro de 2013 e Dezembro de 2015. Era administradora executiva da Águas do Porto desde Janeiro de 2016 e, entre Janeiro de 2014 e Dezembro de 2015, foi administradora não executiva na mesma empresa. Adriana Aguiar Branco foi, também, deputada do PSD na Assembleia da República entre 2002 e 2005.

Em declarações ao CM, Nuno Santos disse não existir "qualquer impedimento legal" para o ajuste diretco" mas destacou haver "do ponto de vista político". "Não se enquadra na harmonia da gestão dos recursos humanos do município, ainda que tenha havido a melhor das intenções", acrescentou Nuno Santos.     

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