Google acusa Bruxelas de não saber como os utilizadores fazem compras online

Multinacional responde a investigação da Comissão Europeia sobre práticas anticoncorrenciais.

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Processo está em curso desde 2010 AFP/KIMIHIRO HOSHINO

No mais recente episódio de uma já longa troca de argumentos, o Google acusa a Comissão Europeia de ter uma teoria “que não encaixa na realidade” quando diz que a multinacional está abusar da sua posição dominante para dificultar a actividade de sites que concorrem com o serviço de comparação de preços da empresa americana.

“Discordamos do argumento da Comissão Europeia quando refere que os resultados melhorados do Google Shopping estão a prejudicar a concorrência”, afirma o Google, num comunicado divulgado nesta quinta-feira e assinado pelo vice-presidente Kent Walker, responsável pelos assuntos legais.

O caso remonta a 2010, quando a Comissão Europeia começou a analisar alegações de que a pesquisa do Google (que tem mais de 90% deste mercado na União Europeia) favorecia os seus próprios serviços especializados, como é o caso do comparador de preços, mas também de serviços de pesquisa de hotéis, viagens ou voos. Também se debruçou sobre queixas de práticas anticoncorrenciais relacionadas com a forma como a empresa negociava publicidade e mostrava anúncios nas páginas de resultados das pesquisas.

Em 2015, e depois de o antigo comissário da Concorrência ter tentado encontrar uma posição de acordo entre o Google e o resto do mercado, a actual responsável por esta pasta, Margrethe Vestager, formalizou a acusação por práticas anticoncorrenciais, focando-se apenas no serviço de comparação de preços. Na altura, o Google respondeu que a Comissão não estava a ter em conta a existência de sites como o eBay e a Amazon que, argumentou a multinacional, são amplamente usados pelos consumidores para comparar preços.

Já este ano, a Comissão apresentou novos dados que disse reforçarem as conclusões anteriores de que o Google favorecia o seu serviço em violação das leis comunitárias. Bruxelas afirmou então que a Amazon e o eBay estão num mercado diferente dos serviços de comparação de preços – e é desta posição que o Google volta agora a discordar.

“O documento revisto da Comissão assenta no modelo hipotético de uma viagem de compras online em que os consumidores iniciam uma pesquisa geral no motor de busca, depois clicam num site comparador de preços e clicam novamente em diferentes sites como a Amazon, o eBay ou outros sites de compras online”, escreve Kent Walker. “Contudo, não existe qualquer indicação de que a Comissão tenha alguma vez realizado um questionário de modo a perceber o que as pessoas preferem ou como, na verdade, compram.” De acordo com Walker, a posição da Comissão “assenta numa teoria que não encaixa na realidade de como realmente a maioria das pessoas compra online”.

Para além desta investigação, a Comissão tem em curso uma investigação separada por práticas anticoncorrenciais no sistema operativo Android que equipa a grande maioria dos telemóveis e cujo desenvolvimento é encabeçado pelo Google.

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