Carminho canta Jobim com Chico, Bethânia, Marisa Monte e Fernanda Montenegro

O novo álbum da fadista Carminho, dedicado a Tom Jobim, é editado no dia 2 de Dezembro e nele participam Fernanda Montenegro, Maria Bethânia, Marisa Monte e Chico Buarque.

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Carminho tem tido um assinalável êxito no Brasil, com concertos esgotados no Rio e em São Paulo MIGUEL MANSO

O CD Carminho canta Tom Jobim, gravado no Rio de Janeiro, nos estúdios da Biscoito Fino, é posto à venda no dia 2 de Dezembro em Portugal, no dia 5 no Brasil e tem “edição prevista para o primeiro trimestre do próximo ano” noutros países, anunciou em comunicado a Warner Music. A cantora portuguesa foi acompanhada nas gravações pela Banda Nova, o último agrupamento que acompanhou Tom Jobim e que é composto por Paulo e Daniel Jobim, respectivamente filho e neto do compositor, e ainda por Jaques Morelenbaum (violoncelo) e Paulo Braga (bateria).

A gravação do CD partiu de um convite da família de Tom Jobim a Carminho, adianta a mesma fonte, referindo que a fadista “mergulhou no cancioneiro do compositor” para escolher os 14 temas que constituem o álbum, entre os quais A felicidade. Com Marisa Monte, com quem partilhou no Verão passado o palco do CoolJazz, em Oeiras, Carminho interpreta Estrada do sol, com Maria Bethânia, Modinha e com Chico Buarque, o tema Falando de amor.

A actriz Fernanda Montenegro, de 87 anos, distinguida com um Urso de Prata e a única brasileira nomeada para um Oscar (pelo filme Central do Brasil, 1999), tem uma participação especial no tema Sabiá, declamando um excerto do poema Canção do exílio, de Gonçalves Dias.

Carminho, distinguida com os Prémios Amália Revelação e Melhor Fadista, é filha da fadista Teresa Siqueira e estreou-se discograficamente a solo em 2009 com Fado, apesar de já ter cantado quer na casa de fados da mãe, a Taverna do Embuçado, em Lisboa, quer em alguns espectáculos, como a Gala Carlos Zel, no Casino Estoril, em 2008, e num espectáculo de homenagem ao poeta José Luís Gordo, na Vidigueira, no Baixo Alentejo, em 2005.

Ao longo da sua carreira, Carminho tem gravado com artistas de outras áreas musicais, designadamente com os brasileiros Chico Buarque, Milton Nascimento, Marisa Monte, Ney Matogrosso, Nana Caymmi, ou com o espanhol Pablo Alborán.

No Brasil, a intérprete tem tido um assinalável êxito com concertos esgotados no Rio de Janeiro e em São Paulo. Foi tema de capa do jornal O Globo, e o músico Caetano Veloso, que escreveu para ela O sol, eu e tu, referiu-se à fadista como um “suave milagre” e a “mais bela floração desse renascimento do fado entre jovens portugueses que já faz agora mais de uma década”.

Além dos temas já citados, o disco inclui O que tinha de ser, Meditação, Luiza, Wave, O grande amor, Retrato em branco e preto, Inútil paisagem, Triste e Don’t ever go away, versão inglesa da canção Por causa de você. A razão que levou à troca, explicou-a Carminho à revista do Expresso, no início de Outubro: não quis incluir canções com tratamento por você, inusual em Portugal. “Fica uma coisa fantasiada. Não é natural. Fica meio caricaturada, como se quisesse fazer uma caricatura da canção brasileira.” E ela levou tão a sério esse princípio que no Retrato a branco e preto pediu a Chico Buarque se podia substituir o “você” por “tu”. E ele aceitou a troca.

Nesse mesmo trabalho do Expresso, uma reportagem no Rio de Janeiro assinada por Plínio Fraga e Rui Duarte Silva, Carminho definia ainda de forma clara o que para ela significa Tom Jobim. “Tom é Tom. Não dá para ser engavetado numa etiqueta musical. Não é jazz, não é música brasileira. É Tom. Não é, mas é, sendo enfim tudo isso. É uma expoente máximo da música brasileira, Não existe uma gaveta suficientemente plural para justificar ele estar lá confinado.

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