Caça furtiva de elefantes rouba 25 milhões de dólares por ano à economia africana

Um novo estudo publicado na Nature Communication conclui que o investimento no combate à caça furtiva é inferior ao valor perdido anualmente em turismo de natureza, que está directamente relacionado com o número de elefantes nos parques naturais.

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Anualmente, são vítimas de caça furtiva entre 20 mil e 30 mil elefantes africanos MANUEL ROBERTO

Se as questões morais e éticas não são suficientes na luta contra a caça furtiva dos elefantes africanos, se o imperativo de protecção da biodiversidade não o é igualmente, talvez o sejam as vantagens económicas. De acordo com um estudo publicado na publicação científica digital Nature Communication, o abate ilegal daqueles paquidermes custa às nações do continente 25 milhões de dólares (22,6 milhões de euros).

Elaborado por cientistas do World Wildlife Fund (WWF), da Universidade de Vermont (EUA) e da Universidade de Cambridge (Reino Unido), o estudo conclui que o investimento no combate à caça furtiva, responsável pela morte de entre 20 mil e 30 mil elefantes por ano, é inferior ao valor perdido anualmente em turismo de natureza, que está directamente relacionado com a dimensão das populações de elefantes em cada país. Trata-se do primeiro estudo que avalia esta relação em todo o continente africano.

“Ainda que tenham sempre existido sólidas razões éticas e morais para a conservação dos elefantes, nem todos partilham deste ponto de vista. A nossa investigação mostra que investir na conservação dos elefantes é, na verdade, uma política económica inteligente para muitos países africanos”, declarou Robin Naidoo, da WWF, e investigador principal do estudo agora publicado. “Por cada dólar investido na protecção de elefantes na África oriental, gera-se 1,78 dólares. É um grande negócio”, refere outro investigador, o economista Brendan Fisher, da Universidade de Vermont. O número de elefantes africanos diminuiu em mais de 20 por cento nos últimos dez anos. São abatidos para a comércio ilegal de marfim, exportado maioritariamente para a China e outros países asiáticos.

O estudo debruçou-se sobre 216 áreas protegidas e concluiu que o número de visitas turísticas aumenta exponencialmente em função da quantidade de elefantes presentes nas reservas. Calcula-se que cada elefante possa ser responsável por um aumento de visitas turísticas na ordem dos 371% .

Os resultados não são, porém, uniformes em todo o continente. Se nas savanas da África oriental e do Sul os lucros turísticos gerados pelo investimento na protecção dos elefantes supera os custos da luta contra a caça furtiva, o mesmo não acontece nas zonas de floresta típicas da África central, dadas as maiores dificuldades na observação dos animais e consequentemente, menor procura dessa actividade por parte dos turistas.

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