Prio quer criar a maior rede de recolha de óleos alimentares usados

Distribuidora de combustíveis vai instalar 850 oleões em postos de abastecimento e grandes superfícies. Investimento ligado ao biodiesel chega aos três milhões.

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Empresa diz que apenas cerca de 7% do óleo alimentar vendido em Portugal é reaproveitado Adriano Miranda

A Prio iniciou este ano um projecto-piloto para instalar equipamentos de recolha de óleos alimentares usados nos seus postos de combustível. A meta da empresa, que usa esta matéria-prima para fabricar biocombustível, é tornar-se no “principal recolhedor de óleos alimentares usados no mercado português”. Para isso, a Prio planeia a investir um total de três milhões de euros até 2020, disse ao PÚBLICO fonte oficial da empresa presidida por Pedro Leitão.

O plano é instalar, de forma faseada, 200 oleões tradicionais e 605 novos equipamentos de recolha de óleos. A Prio chama-lhe equipamentos avançados porque diferem dos tradicionais, onde o consumidor se limita a depositar o recipiente com os óleos que recolheu em casa.

Os novos equipamentos, desenhados por uma empresa espanhola, têm um sistema que permite ao cliente levantar as embalagens para utilizar em casa e estas têm bocais largos, “para facilitar a recolha” e são “higienizadas industrialmente a cada utilização”, explica a empresa.

A meta é chegar ao final do primeiro ano com 45 pontos tradicionais e cinco equipamentos novos instalados, num investimento total de 50 mil euros. Esta primeira fase de teste irá limitar-se aos postos da marca, mas a Prio “está em contacto” com a associação que representa as empresas de distribuição (a APED) para identificar aquelas “que queiram alojar estes oleões nas suas lojas”.

O diálogo estende-se ainda aos municípios da região de Aveiro, onde a Prio tem a fábrica de biocombustíveis. Os primeiros equipamentos de teste deverão estar instalados nos postos da Prio dentro de duas semanas. Apesar de terem sido fabricados por uma empresa espanhola, a intenção da Prio é que nos próximos anos estas estações automáticas de recolha sejam “fornecidas por empresas portuguesas”.

Até 2020, o investimento será progressivo: 270 mil euros já no próximo ano, outros 825 mil euros em 2018 e um milhão por ano em 2019 e 2020, segundo adiantou a empresa. A Prio admite que a cultura de recolha destes resíduos vai ter de ser incentivada. Por isso, sempre que alguém entregar uma embalagem cheia num oleão dos novos, receberá em troca uma embalagem vazia. Mas não totalmente; lá dentro o consumidor poderá encontrar “alguns incentivos promocionais”, como uma oferta de café, por exemplo.

No ano passado, apenas 10% dos óleos usados pela Prio para fazer o biocombustível que é incorporado no gasóleo (conhecido por FAME, do inglês Fatty Acid Methyl Ester) foram recolhidos em Portugal. No total, a empresa reciclou “3,6 milhões de litros de óleos alimentares usados nacionais” e importou o restante de países como a Holanda, França e Espanha. A expectativa é que, com este investimento, passe a ser possível reciclar “pelo menos 30% dos 110 milhões de litros de óleo alimentar” que todos os anos são vendidos em Portugal e dos quais apenas cerca de 7% são reaproveitados.

A Prio, que é responsável por 10% das vendas no mercado de combustíveis, registou no ano passado um volume de negócios de 606 milhões e resultados líquidos de cinco milhões. A empresa anunciou no mês passado a entrada no negócio de venda de electricidade com a aquisição de uma participação na Enforcesco, a dona da marca Yes Low Cost Energy (YLCE). O objectivo é crescer no mercado da mobilidade eléctrica, para a qual a Prio já tem uma licença de operador de rede desde 2011.

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