Wild Beasts no primeiro de sete dias de Jameson Urban Routes

Até domingo, misturam-se géneros e celebra-se a diversidade do cenário musical contemporâneo. Do rock dos Wild Beasts à nova encarnação de JP Simões, Bloom, da electrónica de Gold Panda à música inclassificável de Lonnie Holley.

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Os ingleses Wild Beasts apresentarão o novo álbum, Boy King, num concerto já esgotado DR
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Bloom é nome com que JP Simões agora se apresenta DR
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Os ingleses Comet Is Coming actuam a 28 de Outubro, o mesmo dia que veremos os portugueses Sensible Soccers DR
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Crab Days é o álbum que virá apresentar, dia 29, a galesa Cate Le Bon DR
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O músico e artista Lonnie Holley será o primeiro a actuar na tarde de dia 29 DR

Num dia, que pode ser esta segunda-feira, ouviremos o rock expansivo e mutante dos britânicos Wild Beasts. No seguinte, deparamo-nos com a tradição remodelada, transfigurada, de Live Low, alter-ego de Pedro Augusto, o produtor portuense Ghuna X (que tem novo disco, Toada) e com o novo JP Simões, o que se expressa em inglês nos Bloom, que nos mostrará o novíssimo Tremble Like a Flower.

Até domingo, podemos ouvir electrónica sul-africana (venha daí Nan Kolé & DJ Lad) e electrónica como digressão íntima (apresente-se Gold Panda). Haverá tempo para descobrir o que os ingleses 65daysofstatic fizeram dos escombros do pós-rock. E para ouvir a música única, inclassificável, de Lonnie Holley e para ver Cate Le Bon apresentar o recomendadíssimo Crab Days e os Mendrugo de Josephine Foster às voltas na Andaluzia. Haverá tempo para descobrir a música de um novo cantautor no pedaço, Primeira Dama, ou para reencontrar o queer hip-hop de Mykki Blanco – e isto acontece tudo no mesmo dia, sábado, a partir das 16h30, o penúltimo do Jameson Urban Routes, festival nascido no Musicbox, clube lisboeta no Cais do Sodré, e que chega este ano à décima edição.

“O Jameson Urban Routes nasceu essencialmente enquanto um resumo daquilo que é a programação do Musicbox ao longo do ano”, explica o programador Pedro Azevedo. Reflecte, portanto, a diversidade de géneros e formatos musicais nele apresentados, espelhando a forma como os programadores encaram a música e também como esta é vivida actualmente – ou seja, sem barreiras estéticas definidas e numa constante contaminação mútua. “Não nos interessa ter uma noite de electrónica e depois uma de pop. Em cada noite, há um artista que, de certo modo, define o que será a programação”, diz Pedro Azevedo. Mas mesmo essa regra não é seguida à risca, como se constata no cartaz de dia 29. “Nesse dia o que encontramos é uma viagem, que começa com o Lonnie Holley e acaba com o DJ Earl; a única coisa que têm em comum são as rastas”. O objectivo, conclui, é misturar, confrontar o público com a diversidade.

“Com o exagero de festivais que existe actualmente, a música passou a ser consumida de forma muito plástica. Vamos ver os Radiohead, por exemplo, e eles chegam e tocam numa hora e meia todas as canções que conhecemos, mas não te transmitem nada de novo, a experiência não te oferece novas sensações." O Jameson Urban Routes ambiciona proporcioná-las ao público através da conjugação dos nomes mais populares, como os Wild Beasts, com apostas pessoais como Cate Le Bon e Mendrugo (sábado, dia 29), como Teebs, produtor americano, próximo de Flying Lotus, que parte do hip-hop para novas construções sónicas (quinta, dia 27, o mesmo dia em que actuam os 65daysofstatic, os Thought Forms, Nan Kolé & DJ Lad, com DJ set de Mike El Nite), ou como os ingleses The Comet Is Coming (apresentam-se sexta-feira, dia 28, ao lado dos Sensible Soccers, Nightmares on Wax, DJ Kon e Mike Stellar, e são exploração jazz, viagem electrónica e bom desvario psicadélico).

Anteriormente dividido por dois fins-de-semana, o festival ocupa este ano todos os dias de uma semana. Começa segunda-feira, com o concerto já esgotado dos Wild Beasts, que apresentarão o recentemente editado Boy King, e terminará domingo com uma matiné (início às 15h) que inclui um concerto dos Liima, a banda que reúne os dinamarqueses Efterklang ao percussionista finlandês Tatu Rönkkö, a exibição de Tecla Tónica, documentário assinado por Eduardo Morais sobre a história do da música electrónica em Portugal, a actuação da dupla Vive Les Cônes, do catálogo da Favela Discos, editora e colectivo de artistas com sede no Porto, e, para fim de festa, os DJ do Le Guess Who?, festival de música independente de Utrecht.

Este ano, o Jameson Urban Routes ocupa uma semana inteira, sem pausas. Para o ano, o objectivo será alargar o seu raio de acção. “Queremos explorar outros locais, quer do bairro, quer da cidade. Trouxemos a cidade para o Musicbox e agora será tempo de o Musicbox também sair para a cidade”, afirma Pedro Azevedo.

Os bilhetes diários variam entre os dez e os 18 euros. O passe para o festival custa 99 euros. O bilhete Jameson 5S (50 euros) dá acesso a cinco sessões escolhidas pelo comprador.

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