Netflix responde a aumento de subscritores com seis mil milhões em novas séries

O número de utilizadores do serviço voltou a crescer e a empresa anunciou um investimento avultado para produção própria.

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Narcos e Stranger Things são duas das séries mais vistas nos EUA Reuters/MIKE BLAKE

No ano em que chegou a praticamente todo o mundo, o serviço de streaming de séries e filmes conquistou 3,2 milhões de novos subscritores internacionais, ultrapassando os dois milhões previstos pelos analistas e afastando as possíveis preocupações face à desaceleração do crescimento nos meses anteriores que levaram, em Julho, a uma queda de 13% das acções. 

As acções em Wall Street abriram a sessão desta terça-feira a valorizar 17%, depois de terem subido 20% nas negociações após o fecho dos mercados. 

Nos EUA, a tendência de crescimento tem sido menor quando comparada com a tendência internacional – mercados recentes registam um aumento maior de subscrições – mas este ano até o mercado americano registou um crescimento de 1% (qualquer coisa como cerca de 370 mil novos clientes).

No quarto trimestre, a empresa espera adicionar 5,2 milhões de subscritores, um número menos ambicioso do que em período homólogo, quando somou mais 5,59 milhões de assinaturas. Foi no início do ano que Reed Hastings, o CEO do Netflix, anunciou que o serviço passaria a estar disponível em mais de 190 países – ficaram de fora da expansão apenas a China, a Coreia do Norte, a Síria e a região da Crimeia.

No relatório publicado nesta segunda-feira, a China é mencionada. Há muito um mercado ambicionado pela empresa, o documento dá conta de a sua estratégia passa por licenciar conteúdo para os serviços que já existem na China em vez de implementar o seu próprio serviço. O objectivo é conseguir entrar já no país.

Ao Wall Street Journal, Reed Hastings lembrou que que apesar de o Netflix estar nos 83 milhões de subscritores a nível mundial, ainda fica aquém dos números do Facebook e do YouTube, pelo que acredita que a empresa deve “pensar em grande no futuro”. Por isso mesmo, Hastings prevê um investimento de seis mil milhões de dólares (aproximadamente 5,5 mil milhões de euros) em conteúdos originais para o próximo ano.

A aposta nas produções originais não é uma novidade para a empresa que apresenta cada vez mais títulos próprios sem olhar a custos. Já em Novembro, por exemplo, chega ao serviço de streaming The Crown, que acompanha a rainha Isabel II desde que se casou em 1947 até aos dias de hoje. Só nesta produção, a primeira a ser filmada no Reino Unido, o Netflix investiu 150 milhões de dólares (cerca de 137 milhões de euros). Nunca antes a empresa tinha investido tanto dinheiro num só título.

Por desvendar continuam as audiências das séries do serviço. É política da empresa não revelar números. A única referência sobre isso no relatório diz apenas que as produções originais Stranger Things e Narcos conquistaram as preferências dos subscritores.

Numa entrevista ao PÚBLICO, aquando a chegada do serviço a Portugal no ano passado, o responsável pelos conteúdos, Ted Sarandos, explicava que “as audiências foram feitas só para uma coisa: justificar a venda de publicidade” e uma vez que o serviço não vende publicidade não existe razão para que os números sejam conhecidos, argumentava. “Nós somos pagos pelo consumidor, que, se não estiver contente, pode desistir, basta um clique e deixa o Netflix. Isso põe a fasquia muito alta.”

O relatório mostra que durante o terceiro trimestre a empresa reuniu lucros de 51,5 milhões de dólares, cerca de 47 milhões de euros, aumentando a receita da empresa para 2,29 mil milhões de dólares, cerca de dois mil milhões de euros.

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