Há 42 novos projectos para melhorar a vida nos bairros prioritários de Lisboa

Na sua sexta edição, o Programa BIP/ZIP tem uma verba de 1,6 milhões de euros e vai chegar a 53 áreas da cidade.

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A música vai ser usada como método de inserção social Helder Olino

São 42 os projectos que a Câmara de Lisboa vai financiar, com uma verba de 1,6 milhões de euros, na edição de 2016 do Programa BIP/ZIP. Desta vez há 53 Bairros e Zonas de Intervenção Prioritária que vão beneficiar da iniciativa, que tem a ambição de contribuir para “a melhoria da qualidade de vida” de todos os que lá vivem.  

A cerimónia de assinatura dos protocolos entre o município e as entidades promotoras dos projectos realizou-se esta segunda-feira, numa cerimónia que encheu o Salão Nobre dos Paços do Concelho. Na ocasião o presidente da câmara, Fernando Medina, destacou a importância de se “dar poder àqueles que estão no território” e de se construir parcerias que envolvam diferentes entidades, porque “só em conjunto” se consegue “resolver os problemas” das comunidades.

“É muito bom sentir que este programa já tomou conta da rotina das organizações e do trabalho em termos autárquicos”, sublinhou por sua vez a vereadora da Habitação e do Desenvolvimento Local. Entre 2011 e 2016, este programa financiou 231 projectos (que envolveram mais de mil instituições e deram origem a perto de 1500 actividades), com um total de 9,1 milhões de euros.

“Não é um programa para resolver os problemas estruturantes da cidade”, vincou Paula Marques, notando que dizer o contrário “seria absolutamente demagógico”. Na perspectiva da autarca este programa, que tanto pode financiar a reabilitação e requalificação de espaços como a promoção da cidadania ou do empreendedorismo (entre outras coisas), “é acima de tudo um processo de ignição”, que põe as organizações a trabalhar com as comunidades e que faz com que moradores se sentem à mesma mesa para chegarem a um projecto comum.

De acordo com a autarca está neste momento em curso uma revisão da Carta BIP/ZIP (que inclui 67 áreas da cidade que foram classificadas como prioritárias devido a um conjunto de indicadores sociais, urbanísticos e ambientais) e uma análise do programa, que procurará também perceber “de que forma tem o programa concorrido para a melhoria da qualidade de vida das comunidades”.

Um dos projectos que vão avançar este ano é o “Murtas em Rede, por um bairro melhor”, que é promovido pelo Centro Social Paroquial do Campo Grande e que vai ser desenvolvido no Bairro das Murtas, em Alvalade. O objectivo desta iniciativa, que envolve outras dez entidades, é, “através de estratégias colaborativas, fomentar um processo de cidadania activa que envolva moradores e entidades sob o princípio de co-governância da comunidade”.

Como explica a coordenadora pedagógica do centro social e paroquial, a ideia é “trabalhar a inclusão” com os moradores, “a partir de diferentes ópticas e de diferentes escalas”. “Da família para o lote e para o bairro”, diz Ana Oliveira, destacando que uma das tónicas do projecto é contribuir para que os residentes se apropriem do espaço, tornando-se “guardiões” do mesmo.

Já nos bairros Quinta das Salgadas/Alfinetes e Marquês de Abrantes, a Associação para o Desenvolvimento Cultural e Social de Marvila vai pôr em marcha o projecto Música Crescente, que recorre à formação musical de jovens e adolescentes como forma de estimular a sua “inserção social”.

“A ideia é levar o ensino da música a jovens que de outra maneira não poderiam ter acesso a isso”, explica a presidente da direcção da associação, Fátima Duarte, acrescentando que essa vertente será complementada com actividades de apoio ao estudo.

Dos 42 projectos da edição deste ano, 14 são na área da “prevenção e inclusão”, dez visam “melhorar a vida no bairro” e nove têm como tema a “promoção da cidadania”. Menos relevantes são as áreas de “competências e empreendedorismo” (com cinco projectos) e de “reabilitação e requalificação de espaços” (com três iniciativas).

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