Trump denuncia "ataques orquestrados" e promete mostrar provas "a seu tempo"

Candidato do Partido Republicano diz que há "uma conspiração contra o povo americano". Jornal New York Times recusa apagar notícia e aceita o desafio de ir para os tribunais.

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Trump mantém que nunca assediou sexualmente nenhuma mulher Mike Segar/Reuters
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O candidato do Partido Republicano à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou esta quinta-feira a campanha de Hillary Clinton "e os seus aliados nos media" de lançarem "ataques orquestrados" contra si. Num comício no estado da Florida, Trump disse ter provas de que não assediou sexualmente qualquer mulher, e fez saber que vai apresentá-las "a seu tempo".

"Na minha vida anterior fiz parte do grupo que tem acesso a informações privilegiadas. Fui punido por ter sido expulso desse clube", disse Trump, num discurso em que repetiu todas as propostas que tem feito ao longo da campanha, e em que denunciou o que considera ser "uma conspiração contra o povo americano".

"Mas eu aceito ser atingido por todas estas fisgadas e setas em vosso nome", declarou.

Durante o segundo debate com a candidata do Partido Democrata, no domingo passado, Donald Trump disse que nunca tinha assediado sexualmente uma mulher. A resposta de Trump chegou após três perguntas de um dos moderadores, o jornalista da CNN Anderson Cooper, sobre um vídeo de 2005 em que o actual candidato se gaba de apalpar e beijar mulheres – para Trump, as declarações proferidas em 2005 eram apenas "conversa de balneário" entre dois homens.

Mas o jornal New York Times publicou quarta-feira uma notícia em que duas mulheres acusam o candidato de as ter assediado sexualmente – Jessica Leeds e Rachel Crooks.

Os advogados de Donald Trump enviaram uma carta ao jornal norte-americano a ameaçar partir para os tribunais se a notícia não fosse retirada e se não fosse emitido um pedido de desculpas – segundo os advogados, os jornalistas do New York Times publicaram uma história que sabiam que era mentira e fizeram-no com a intenção de prejudicar Donald Trump.

O advogado do New York Times, David E. McCraw, respondeu esta quinta-feira ao ultimato de forma taxativa: as acusações das duas mulheres foram confirmadas e a notícia mantém-se em destaque no site do jornal.

Na resposta, o advogado argumenta que o pedido de Donald Trump destina-se a proteger a reputação de uma pessoa – o problema, responde o New York Times, é que Trump "gabou-se de tocar em mulheres sexualmente sem o consentimento delas" em várias ocasiões ao longo dos anos, como provam entrevistas ao apresentador de rádio Howard Stern, por exemplo.

"Nada no nosso artigo teve o menor efeito na reputação do sr. Trump que ele próprio, pelas suas palavras e acções, não o tenha já feito", lê-se na carta do advogado do New York Times, que termina com uma aceitação do desafio legal: "Se o sr. Trump discorda, se ele acha que os cidadãos americanos não têm o direito de ouvir estas mulheres, e que as leis deste país forçam ao silêncio ou a ser punidos quem o ousa criticar, congratulamo-nos com a oportunidade de que um tribunal possa dar-lhe uma lição."

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