Independentes que baralharam autárquicas

Alguns exemplos de autarcas que ora se zangaram com o partido, ora foram expulsos, mas que se candidataram na mesma a presidentes de câmara e, em muitos casos, venceram como independentes.

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ADRIANO MIRANDA / PUBLICO

Guilherme Pinto

Em 2009 foi eleito, pelas listas do PS, autarca de Matosinhos. Mas depois zangou-se, saiu do partido e, nas eleições seguintes, candidatou-se como independente. Venceu com maioria absoluta. Nessa noite, Guilherme Pinto considerou que, “quando os cidadãos querem” não estão “sujeitos à ditadura dos partidos”. Nesse mesmo ano, antes das eleições, Guilherme Pinto enviou uma carta ao então secretário-geral do PS, António José Seguro, anunciando que deixaria o partido e abrindo caminho para a candidatura independente que lhe voltaria a dar a vitória, derrotando o candidato socialista António Parada – escolhido, nesse ano, pela concelhia do PS, depois de Guilherme Pinto ter demonstrado disponibilidade para se recandidatar, mas recusado ir a eleições directas no partido.

Isaltino Morais

Derrotou o seu próprio partido quando se candidatou como independente à autarquia de Oeiras. O PSD, ao qual aderiu em 1978, acabaria por rejeitar apoiá-lo, por Isaltino ser arguido em processos de corrupção passiva, fraude fiscal, branqueamento de capitais e abuso de poder. Foi em 1985 que se candidatou pelo PSD a Oeiras e venceu. Venceu mais quatro vezes. Em 2005, porém, o PSD não quis apoiá-lo. Isaltino desfilou-se e concorreu como independente com o movimento Isaltino – Oeiras Mais à Frente. Venceu e derrotou o candidato social-democrata. Em 2009 voltou a ganhar a autarquia. Também poderá voltar à cena política nas autárquicas que se avizinham, depois de ter deixado a liderança de Oeiras, em 2013, para cumprir uma pena de prisão – 14 meses na prisão da Carregueira, pelos crimes de fraude fiscal e branqueamento de capitais.

Marco Almeida

Nas últimas autárquicas, o próprio partido, o PSD, não o quis apoiar. Mas o ex-vice-presidente da Câmara Municipal de Sintra, Marco Almeida, concorreu na mesma como independente. Não ganhou, mas o PSD, que apoiou Pedro Pinto, também não. Venceu o PS, com Basílio Horta. Agora, nas próximas eleições autárquicas, Marco Almeida, afastado do PSD, deverá voltar a candidatar-se como independente pelo Movimento – Sintrenses com Marco Almeida. Poderá contar com o apoio de partidos, entre os quais o PSD.

Fátima Felgueiras

Aquela que foi uma das primeiras mulheres a ocupar vários cargos de direcção nacional do PS viria também a candidatar-se como independente à Câmara Municipal de Felgueiras, depois de se ter afastado do partido na sequência do polémico caso do “saco azul”. Fátima Felgueiras candidatou-se como independente àquela autarquia em 2005 e em 2009. No primeiro caso, venceu, derrotando o candidato socialista José Campos. Em 2009, perdeu, derrotada pela maioria absoluta obtida pela coligação PSD/CDS, liderada por Inácio Ribeiro.

Valentim Loureiro

Militante do PSD desde o ano da revolução, Valentim Loureiro ganhou a Câmara Municipal de Gondomar em 1993, 1997 e 2001. Depois, com a polémica em que se viu envolvido no âmbito do processo judicial Apito Dourado, o seu partido tira-lhe o apoio e o autarca candidata-se, em 2005 e 2009, com a lista independente Gondomar no Coração, vencendo as eleições.

 

Manuel Coelho Carvalho

Em 2009, quando estava prestes a terminar o terceiro mandato à frente da Câmara de Sines, Manuel Coelho Carvalho, que em 2005 venceu aquela autarquia com 54,7% e na lista da CDU, decidiu avançar como independente e desvincular-se do PCP. Estava farto de “recriminações e acusações” sobre o seu desempenho autárquico. Venceu e a CDU passou a terceira força.

 

Daniel Campelo

Cumpriu quatro mandatos como presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima, 1994 a 2009, um dos quais ganho com maioria absoluta como independente. Em causa, esteve a questão do “orçamento do queijo limiano”, como ficou conhecido o episódio em que o então deputado centrista, Daniel Campelo, votou o orçamento do PS em troca de benefícios para a sua terra natal – a manutenção da fábrica de queijo limiano. A atitude mereceu-lhe a expulsão do CDS, que acabou por reintegrá-lo e, em 2005, convidá-lo para se candidatar àquela câmara.

Paulo Cafôfo

Eleito presidente da autarquia do Funchal nas últimas autárquicas, pela Coligação Mudança, que juntou PS, BE, PND, MPT, PTP e PAN e liderando uma equipa de independentes, conseguiu derrotar o PSD naquela Câmara Municipal.

 

Rui Moreira

Foi o primeiro independente a conquistar a Câmara Municipal do Porto e também o responsável pelos piores resultados de sempre naquela autarquia dos socialistas (o candidato era Manuel Pizarro) e dos sociais-democratas (o candidato da coligação liderada pelo PSD era Luís Filipe Menezes). Em 2013, na noite eleitoral, Rui Moreira, que se candidatou como independente com o apoio do CDS, foi o rosto dessa vitória – teve 39,9% dos votos; Pizarro 22,6% e Menezes 21,1%. Agora, Rui Moreira, que voltará a entrar na corrida, poderá até ser apoiado pelos partidos que derrotou nessa noite de 29 de Setembro de 2013.  

Avelino Ferreira Torres

Participou no reality show Quinta das Celebridades, foi o autor de um célebre pontapé, movido pela fúria contra a decisão de um árbitro num jogo de futebol em Marco de Canaveses e no estádio com o seu nome. Conhecido por várias polémicas e problemas com a justiça, Avelino Ferreira Torres já disse que seria novamente candidato em Amarante nas próximas eleições autárquicas. Poderá fazê-lo como independente ou com o CDS – já se candidatou das duas formas. Venceu como centrista em Marco de Canaveses (autarca desde 1983 até 2005), e foi derrotado como independente em 2005, na sua terra Natal, Amarante. Em 2009, candidatou-se também como independente, em Marco de Canaveses, elegeu dois vereadores.

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