Abriram-se as portas para o mundo de Prince e ele estava lá

Os primeiros visitantes entraram quinta-feira em Paisley Park, a casa-estúdio tornada museu, tal como o imaginara Prince ainda em vida. Dia 13 há concerto tributo em Minneapolis e Ana Moura é uma das convidadas.

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Retrato de Prince em Paisley Park, o complexo no Minnesota que agregava a casa e o estúdio do músico, agora aberto ao público AFP/STEPHEN MATUREN

A morte de Prince por overdose de analgésicos, a 21 de Abril, não foi a responsável pela transformação em museu do complexo de Paisley Park, onde morava, ensaiava e gravava o autor de Purple Rain. Quando a notícia inesperada correu mundo, as salas, estúdios, escritórios, quartos ou campos de basquete transformados em salas de concerto já estavam organizados e decorados de forma a que o edifício inaugurado em 1987 fosse aberto ao público. Prince imaginava torná-lo equiparável à famosa Graceland, a casa de Elvis em Memphis. Daí que, meros seis meses após a sua morte, os primeiros visitantes tenham passado os portões do Museu Paisley Park para descobrir o mausoléu de Prince.

Esta quinta-feira, às 8h30 da manhã (hora local), já vários fãs se alinhavam à entrada do edifício em Chanhassen, Minneapolis, vindos de vários locais dos Estados Unidos, mas também de Inglaterra, do Japão ou da Suécia. Se dúvidas houvesse quanto à sua condição, a predominância da cor púrpura tratava de as desfazer: eram realmente fãs de Prince que aguardavam o grande momento, pelo qual pagaram 38,5 dólares (34,5 euros) por um bilhete geral ou 100 (89,5 euros) por uma entrada VIP.

Ocupando 65 mil metros quadrados, o complexo custou dez milhões de dólares à época da sua construção. Nessa altura, foi apresentado como uma “mini-Hollywood”, imaginada por Prince durante o período em que rodava Purple Rain. “Construiu-a como uma ferramenta de produção não só para ele, mas para toda a cidade e toda a região. Ele quer que seja um catalisador para artistas e produção”, declarava em 1983 o manager de então de Prince, Richard Henriksen. Da música aos vídeos de promoção, passando pela criação de guarda-roupa, tudo podia ser feito no local. Visitar Paisley Park é, portanto, aceder a um espaço íntimo e, ao mesmo tempo, mergulhar no laboratório onde se desenvolveram todos os detalhes necessários à actividade de um ícone da música popular como Prince.

Antes de tudo isso, porém, o essencial é sentir a presença do alvo de devoção. E, em Paisley Park, Prince está definitivamente presente. Tyka Nelson, sua irmã, declarou à Rolling Stone ser desejo da família que os visitantes sintam que estão a vê-lo o mais próximo possível: “Quando és um fã, por vezes não consegues mais que vê-los [os ídolos] de um lugar na plateia. Desta forma, estás quase cara a cara com ele.” Ou seja, entrando no Estúdio A de Paisley Park e vendo as suas notas manuscritas na mesa de som. Passear pela sala Purple Rain e ser imerso nas imagens do filme, projectado continuamente nas paredes (púrpura, naturalmente), ou observar demoradamente a motorizada icónica com que se fotografou para a capa do álbum. A visita permite ainda aceder a espaços mais íntimos, como a cozinha onde via os jogos da sua equipa de basquete, os Minnesota Timberwolves, ou o pequeno escritório onde se recolhia para desenvolver ideias. Para além disso, claro, há a presença real do artista, o que muito impressionou os primeiros visitantes: no átrio de entrada do espaço, encontra-se uma pequena urna púrpura contendo as suas cinzas.

A visita desta quarta-feira marcou a inauguração não oficial do espaço. As portas foram reabertas sexta-feira e voltarão a acolher visitantes dia 14 de Outubro. Depois, ficarão encerradas até que o Bremer Trust, que gere o património de Prince em nome da sua família, apresente ao município de Chanhassem um plano urbanístico detalhado, que torne possível a convivência dos 600 mil visitantes anuais esperados com os 24 mil habitantes de Chanhassen.

Até à abertura oficial, porém, ouviremos falar mais de Prince. Quando começar a ser editada a muita música que mantinha guardada nos seus arquivos e que a família pretende disponibilizar logo que possível. E certamente dia 13 de Outubro, quando uma série de músicos se reunirem no Xcel Energy Center, em Minneapolis, para um concerto de tributo. Estarão presentes Stevie Wonder, Christina Aguilera, Chaka Khan ou John Mayer, a par dos New Power Generation e das 3rdeyegirl, que gravaram e acompanharam Prince em palco. E uma amiga do cantor que conhecemos muito bem. Essa mesmo, Ana Moura.

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