Estradas e corredores de aviões são os principais “inimigos” do solo de Lisboa

Os poluentes ficam contidos no solo e por isso os especialistas alertam os proprietários de hortas particulares a avaliar a qualidade dos terrenos.

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Não foram, no entanto, detectados casos de contaminação de águas subterrâneas ou hortas José Sarmento Matos/Arquivo

As vias de circulação automóvel e os corredores de aviões são as principais pressões da cidade de Lisboa, com impacto na qualidade dos solos, disse esta terça-feira a investigadora do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) Teresa Leitão.

“Chegámos à conclusão de que havia alguns locais junto de estradas e de aeroportos onde os solos apresentavam valores pontualmente acima daquilo que deviam”, disse à agência Lusa a investigadora do LNEC, no âmbito da apresentação de resultados do estudo “Avaliação da qualidade dos solos, das águas subterrâneas e das espécies hortícolas em hortas urbanas de Lisboa”.

Ainda assim, a responsável pelo estudo afirmou que “essas contaminações não atingem nem as águas subterrâneas, nem os vegetais” cultivados nessas zonas, frisando que “os poluentes ficam contidos no próprio solo”.

Realizado pelo LNEC, com a colaboração do Instituto Superior de Agronomia (ISA), o estudo avaliou, entre 2015 e este ano, seis hortas urbanas de Lisboa, localizadas em diferentes espaços: LNEC, CHPL - Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa, Quinta da Granja, Parque Hortícola da Granja, Parque Hortícola do Vale de Chelas e CRIL - Circular Regional Interior de Lisboa.

“Das seis hortas que foram analisadas e de vários produtos hortícolas que lá foram analisados, mostra-se que não há contaminação de nenhum dos produtos, portanto, digamos que é seguro cultivar lá”, declarou Teresa Leitão, reforçando que estes resultados não podem ser extrapoláveis para outras zonas de Lisboa.

Neste sentido, a investigadora do LNEC referiu que existem “inúmeras plantações” junto de estradas movimentadas da capital, nomeadamente da CRIL e da CREL - Circular Regional Exterior de Lisboa, considerando que “aí com certeza que há contaminação”.

Segundo Teresa Leitão, as pessoas com hortas particulares em Lisboa devem ter atenção aos usos anteriores e actuais do solo, designadamente “se estão perto de zonas que possam pôr em risco a qualidade dos próprios solos”, e devem fazer uma análise ao solo, em caso de existirem dúvidas, para saber qual é a qualidade do solo e se é indicado para a agricultura.

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