Guterres diz que escolha do próximo secretário-geral da ONU é "imprevisível"

O ex- primeiro-ministro português elogiou os esforços do Presidente da República, do Governo e da oposição na campanha da sua candidatura.

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António Guterres prossegue a sua campanha para secretário-geral da ONU Denis Balibouse / Reuters

O candidato a secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres disse esta quinta-feira em Nova Iorque que os esforços diplomáticos realizados durante os dias em que decorreu a Assembleia Geral da ONU foram "cruciais" para a sua campanha, e assegurou estar "preparado" para os desafios do cargo, se for escolhido.

"Estou preparado para o fazer, se vier a ser escolhido, mas também tendo consciência de que há ainda muitas etapas a percorrer e, sobretudo, que é muito imprevisível a fase final desta escolha", declarou. "Acho que esta semana foi uma semana crucial. Segunda-feira há a última votação, em que os países do Conselho de Segurança que são permanentes não votarão numa cor separada e, portanto, é uma espécie de 'pole position'" para o processo final, disse o antigo primeiro-ministro português.

Guterres mostrou-se também "muito satisfeito" com a acção do Presidente da República, que fez uma "campanha muito eficaz" na ONU. Durante toda a semana, Marcelo Rebelo de Sousa e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, promoveram a candidatura de Guterres nos encontros bilaterais que mantiveram com dezenas de países.

"É uma ajuda extremamente importante. Quero agradecer muito ao Presidente da República o enorme entusiasmo com que aqui defendeu a minha candidatura com todos os seus interlocutores", disse, estendendo o seu agradecimento também ao Governo e partidos da oposição e toda a diplomacia portuguesa. "Tem havido, de facto, uma solidariedade, um entusiasmo, um empenho que me deixam muito sensibilizado", disse António Guterres, afirmando que "se esta candidatura vier a ter um bom resultado, [o que] ainda estamos muito longe de saber, isso vai dever-se essencialmente a toda essa solidariedade e a todo esse empenhamento."

O candidato português passou toda a semana em Nova Iorque, aproveitando a Assembleia Geral da ONU para multiplicar os contactos feitos nos últimos meses. O nome de António Guterres foi o favorito para o cargo de secretário-geral nas primeiras quatro votações informais para o cargo, que aconteceram a 21 de Julho, 5 de Agosto, 29 de Agosto e 9 de Setembro. Mas questionado sobre o seu favoritismo, manteve a cautela: "Como dizia o Jean Monnet, não estou nem optimista, nem pessimista, mas determinado. Estou a fazer aquilo que posso no sentido de oferecer esta disponibilidade para uma função, que, sendo extremamente difícil, se torna hoje muito importante, dado que o mundo passa por momentos muito complicados", explicou.

Duas outras votações estão agendadas: uma semelhante às primeiras quatro, que acontece a 26 de Setembro, e uma na primeira semana de Outubro, em que os votos dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, que têm poder de veto sobre os candidatos, serão destacados.

Guterres rejeita que um deles, a Rússia, represente um desafio particular à sua candidatura. "Não há nenhum obstáculo, há um reconhecimento de que compete agora aos membros do Conselho de Segurança encontrar a melhor solução. Espero que esse juízo me seja favorável, mas, para já, tenho tido com todos os países do [do conselho] um excelente diálogo", afirmou o antigo alto-comissário para os Refugiados.

As Nações Unidas esperam encontrar o sucessor de Ban Ki-moon, que termina o seu segundo mandato no final do ano, durante o Outono.

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