Ministro corrige secretário de Estado sobre descentralização de competências

Gabinete de Eduardo Cabrita desmente que haja intenção do Governo de passar para os municípios atribuição de apoios sociais como o abono de família ou o complemento solidário para idosos

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O secretário de Estado das Autarquias, Locais, Carlos Miguel, era citado na notícia do Jornal de Negócios Daniel Rocha

As câmaras municipais não vão ter responsabilidades na atribuição de apoios sociais, como o abono de família ou o complemento solidário para idosos, ao contrário do que admitiu esta quinta-feira o secretário de Estado das Autarquias, Carlos Miguel. O que está previsto é que os municípios venham a ser responsáveis pelos serviços de atendimento social.

Citando o secretário de Estado das Autarquias, Jornal de Negócios anunciou que o Governo pretendia descentralizar, para as câmaras, a competência de receber, analisar e atribuir apoios sociais como o abono de família, complemento solidário para idosos e rendimento social de inserção. O jornal adiantava ainda que a transferência dos apoios sociais fazia parte de um “plano ambicioso” de descentralização de competências que o Governo queria incrementar até 2018.

A notícia apanhou os municípios de surpresa, que alegam não terem nem verbas nem condições para assumirem tais competências.

Ao fim da manhã desta quinta-feira, o gabinete do ministro-adjunto, Eduardo Cabrita, corrigia, em comunicado, a informação avançada pelo secretário de Estado Carlos Miguel, garantindo que, “relativamente à área da acção social, não está em causa qualquer transferência de competências relativamente ao pagamento de abono de família ou complemento solidário para idosos”. “O que está previsto nesta área é a possibilidade de os municípios passarem a ser responsáveis pelos serviços de atendimento social, de informação, aconselhamento e encaminhamento sobre programas, respostas, serviços ou prestações sociais adequados a cada situação, bem como apoiar em situações de vulnerabilidade social, prevenir situações de pobreza e de exclusão sociais, contribuir para a aquisição e ou fortalecimento das competências das pessoas e famílias”, adianta a nota do gabinete do ministro Eduardo Cabrita.

O Governo iniciou esta semana a discussão com a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) sobre a transferência de competências para as autarquias, num processo que deve ser incluído no Orçamento do Estado (OE) para 2018. E para além da acção social, prevêem-se transferências nas áreas de ambiente, ordenamento do território e mar; finanças, educação; saúde; administração interna, cultura e assuntos gerais. É intenção do Governo que a transferência de competências se inicie no OE de 2018 e que todo o processo legislativo esteja concluído até ao início do próximo ciclo autárquico.

Na área da educação, as câmaras deverão assumir competências a nível da “gestão de equipamentos educativos desde o ensino básico até ao ensino secundário, assim como a gestão do pessoal não docente”. Quanto à área da acção social – esclarece o gabinete do ministro-adjunto –, “não está em causa qualquer transferência de competências relativamente ao pagamento de abono de família ou do complemento solidário para idosos”.

A transferência de competências deverá ser um dos temas a debater esta sexta-feira na reunião do Conselho de Concertação Territorial, uma plataforma de diálogo permanente entre diferentes níveis de governação sobre questões de território.

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