44 meses a investigar Sócrates

Se a justiça demora mais do que um tempo razoável, deixa de importar qual é o resultado, se o suspeito é inocente ou culpado, se o caso é sólido ou nem por isso.

Há um fundo racional para compreender que “novas pistas” obrigam a “novas diligências” e que a Suíça e o Reino Unido ainda não responderam aos “novos pedidos de informação”. Sabemos que o processo da Operação Marquês é complexo e que “justiça célere não é justiça”, como disse o presidente do Supremo Tribunal de Justiça. Mas este arrastar de tempo em que a investigação ao antigo primeiro-ministro socialista está a mergulhar beneficia cada vez mais o principal suspeito – José Sócrates. O risco é claro e está identificado pela prática e por todos os (maus) exemplos dos nossos tribunais, mas também por estudos académicos feitos para ciclos longos: se a justiça demora mais do que um tempo razoável, deixa de importar o resultado, se o suspeito é inocente ou culpado, se o caso é sólido ou nem por isso. Passa a interiorizar-se, como pecha nacional, que alguma coisa de estruturalmente errada há num sistema que investiga um cidadão durante cinco meses, o prende durante quase um ano, o investiga durante um total de 38 meses e a seguir pede mais seis.

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