BE quer desassoreamento imediato da ria de Aveiro, transformada "num pântano"

Obra já foi estimada em 14 milhões de euros e os bloquistas garantem que ela pode beneficiar de fundos comunitários

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A ria de Aveiro vista de cima Dr

O Bloco de Esquerda revelou esta segunda-feira que apresentará esta semana no Parlamento um projecto de resolução para desassoreamento imediato da ria de Aveiro, onde uma década de atraso na dragagem de inertes transformaram aquele braço de mar "num pântano". Atribuindo a essa demora várias consequências negativas a nível ambiental, económico e turístico, o deputado do BE Moisés Ferreira declarou que "não se pode adiar mais esta intervenção".

"O último desassoreamento da ria foi feito há 20 anos e em 2008 já se sabia que era preciso repetir a intervenção", recordou o deputado bloquista. "A obra chegou a estar prevista no Programa Polis Litoral, mas este foi dando prioridade a outras intervenções e agora a realidade é que, a cada ano que passa, a ria se transforma mais num pântano, em que começa a ser impossível navegar ou pescar", defendeu.

O objectivo do BE é que a intervenção possa concretizar-se "de imediato", acautelando que as "várias toneladas" de areias e inertes retirados pelas dragas possam ser posteriormente utilizados para alimentar as praias do distrito mais carenciadas de areal, como é o caso do Furadouro e da Vagueira.

Independentemente dessa reutilização futura, contudo, Moisés Ferreira realçou que o desassoreamento é urgente e que a deposição de materiais no fundo da ria já há muito está identificada como "um problema grave". Em termos ambientais, por exemplo, constitui "uma ameaça a um ecossistema que é único" e que pode vir a desaparecer devido à gradual transformação do leito da ria em terreno pantanoso.

Ao nível económico, por sua vez, a obstrução provocada pelas areias e inertes "está a prejudicar os mariscadores e trabalhadores da pesca artesanal", porque a produção de bivalves está a diminuir e, devido às crescentes dificuldades de navegabilidade na laguna, "os pescadores só podem usar os barcos quando a maré está muito alta ou correm o risco de encalhar".

Esse aspecto também provoca prejuízos de âmbito turístico, já que, impedidos de navegar, os operadores náuticos e proprietários de barco de recreio "não podem aproveitar todo o potencial da ria enquanto pólo de atracção e estão assim impedidos de captar mais visitantes para a sua actividade", alertou.

Recordando que em Abril deste ano "o ministro do Ambiente assumiu em Ovar o compromisso de avançar com o desassoreamento", Moisés Ferreira notou que "já se passou meio ano sem nenhum passo significativo" nessa matéria.

O investimento necessário para o efeito já foi estimado em cerca de 14 milhões de euros e, segundo o deputado do BE, há enquadramento para a obra nos programas comunitários, mas "poderá ser preciso fazer alguns reajustes de forma a encaixar o projecto nas candidaturas" mais adequadas. "É possível chegar a esse dinheiro através de fundos comunitários, pelo que este tema não se vai tornar um problema orçamental", defende o parlamentar. "Passaram-se é demasiados anos sem o programa Polis dar prioridade a este assunto e agora é preciso uma acção imediata, porque não se pode esperar mais", concluiu.     

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