PS de Matosinhos pede a intervenção de Costa na escolha do candidato à câmara

Presidente da concelhia acusa líder federativo de ter destratado os militantes do concelho e diz que Manuel Pizarro deve um pedido de desculpas.

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Costa chamado a gerir diferendo no PS de Matosinhos Nuno Ferreira Santos

As autárquicas em Matosinhos podem tornar-se nas eleições mais difíceis para o PS, a Norte. O líder da concelhia, Ernesto Páscoa - que apesar de ter visto a sua candidatura à câmara aprovada, teme que a distrital venha a chamar a si o processo de eleição do candidato - admitiu ontem, em declarações, ao PÚBLICO, pedir a intervenção directa do secretário-geral do partido, António Costa, por considerar que os desenvolvimentos recentes em Matosinhos “não são toleráveis e prejudicam o partido.”

“O secretário-geral faz parte do partido e terá de encontrar uma solução para este problema, uma vez que a distrital entende que o processo deve ser avocado”, afirma Ernesto Páscoa, desafiando o presidente da federação distrital, Manuel Pizarro, a justificar por que razão “põe em causa a decisão dos militantes de Matosinhos que "legitimamente, aprovaram por cerca de 60%” a sua candidatura à câmara em 2017.

A situação no PS de Matosinhos é, pois, muito conturbada e o presidente da concelhia pondera pedir, nos próximos, dias, um voto de confiança ao órgão a que preside, reagindo ao facto de a distrital se preparar para chamar a si o processo de escolha do candidato. A distrital entende que a escolha "deve ser precedida de entendimento com o movimento independente liderado por Guilherme Pinto", actual presidente. “Esta é a única orientação que honra a condição da tradição socialista matosinhense, valoriza o envolvimento de todos, sem quaisquer exclusões, e cria oportunidade de vitória eleitoral e de concretização do objectivo de recuperar para o PS a Câmara de Matosinhos”, lê-se num texto que a distrital aprovou recentemente.

Em declarações esta segunda-feira ao PÚBLICO, Manuel Pizarro diz que o “PS não pode cometer os mesmos erros de 2013, porque isso custou aos socialistas um derrota numa câmara que foi sempre do PS”. O dirigente socialista recusa falar em nomes para liderar a lista do partido – “o que estamos a discutir é o método e só depois sairá o nome do candidato” –, mas há muito que se sabe que a sua opção passa pela deputada Luísa Salgueiro.

Ancorado no apoio da maioria da concelhia e também da Juventude Socialista (JS) de Matosinhos, Ernesto Páscoa entende que Manuel Pizarro deve um pedido de desculpas aos militantes de Matosinhos pela forma como se referiu a eles numa conversa que teve com o líder da JS local, Hugo Alexandre Trindade. Militante há mais de 10 anos, Hugo Alexandre Trindade lamenta a “forma deselegante e impositiva” como o líder da distrital falou sobre os militantes do concelho e decidiu escrever uma carta ao secretário-geral, António Costa, na qual reproduz os supostos impropérios proferidos por Pizarro a 31 de Agosto.

Na carta a que o PÚBLICO teve acesso, o líder da JS de Matosinhos escreve que Pizarro chamou “malucos” a quem tem responsabilidades no concelho e acusou-os de “quererem destruir tudo”. Adiantou que iria levar o processo de votação À comissão política da federação do Porto e que queria vê-lo [ao líder da JS] votar o documento de braço no ar. A conversa entre os dois azedou e, segundo Hugo Alexandre Trindade, “Pizarro começou a berrar e a chamar ignorantes e outros nomes aos militantes matosinhenses, exceptuando a Dr.ª Luísa Salgueiro”.

Acusando Manuel Pizarro de “não reunir as condições emocionais necessárias para liderar as conversações sobre as autárquicas em Matosinhos” e lamentando que o seu temperamento não seja "o ideal para quem precisa de fechar compromissos”, Hugo Trindade acusa-o ainda de “falta de imparcialidade” e lamenta os impropérios dirigidos aos militantes matosinhenses.

“A gravidade da situação”, diz o líder da JS de Matosinhos, é motivo suficiente, para Costa responder à carta.

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