Central de Sines polui mais o ar e ETAR de Matosinhos a água, denuncia a Zero

Associação ambiental fez ranking dos mais poluidores em Portugal com base nos dados da Agência Europeia do Ambiente.

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Pedro Cunha/Arquivo

A Associação Sistema Terrestre Sustentável (Zero) publicou nesta sexta-feira a lista com as dez instalações mais poluentes do ar e da água em Portugal, destacando a central termoeléctrica de Sines como a unidade industrial que mais carga poluente emite para a atmosfera. Já a Estação de Tratamento de Águas Residuais de Matosinhos é a que mais polui o meio aquático.

A Zero sustenta a sua análise nos dados publicados, há cerca de dois meses, pela Agência Europeia do Ambiente sobre todas as instalações na Europa, onde estão incluídas as indústrias e as instalações em Portugal com maiores emissões de poluentes para o ar e para a água.

O Registo de Emissões e Transferências de Poluentes (PRTR) relativo ao ano de 2014, no que respeita às emissões atmosféricas, “estiveram em causa um total de 280 instalações em Portugal e um total de 29 poluentes”. O resultado observado nas emissões para o meio aquático, foram avaliados dados de “56 instalações e um total de 27 poluentes”.

A central termoeléctrica de Sines ocupa a primeira posição, seguida do complexo industrial de Setúbal e a fábrica da Cacia ambas da Portucel. A Zero salienta que a termoeléctrica de Sines, emite para a atmosfera poluentes “tradicionais”, nomeadamente gases com efeito de estufa como o “dióxido de carbono e o óxido nitroso, gases associados à acidificação (óxidos de enxofre e de azoto), e poluentes específicos e extremamente tóxicos como as dioxinas e furanos”.

Nas duas fábricas de pasta de papel “há poluentes comuns como as partículas, mas também poluentes específicos como os hidrofluorcarbonetos que são poderosos gases com efeito de estufa, os hidroclorofluorcarbonetos que danificam a camada de ozono ou poluentes com elevada toxicidade, considerados como potencialmente mutagénicos e carcinogénicos, como o benzeno ou os HAP”.

No caso das emissões para o meio aquático o destaque vai para as ETAR de Matosinhos, Alcântara (Lisboa) e Ribeira de Moinhos (Sines). A Zero diz que as duas primeiras unidades estão “associadas predominantemente a efluentes domésticos e a última a efluentes industriais”. 

Nos dois primeiros casos estão patentes “poluentes habituais como o azoto e fósforo causadores de eutrofização, sendo significativa a presença de metais pesados e poluentes orgânicos persistentes com toxicidade elevada”. A ETAR de Matosinhos, tem sido sujeita a constantes “sanções” por falta de cumprimento da directiva relativa às Águas Residuais Urbanas, realça a organização ambientalista.

A Zero observa que “ordenar as instalações pelas suas emissões não é um processo linear e consensual”, frisando que existem“diferentes metodologias que poderão gerar resultados diferentes”.

Matosinhos reage com "perplexidade"

A Câmara de Matosinhos reagiu com “perplexidade” quando tomou conhecimento do ranking elaborado pela Zero, que classifica a Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Matosinhos/Leça da Palmeira como a unidade que mais polui os recursos hídricos em Portugal. A autarquia nortenha salienta que ETAR de Matosinhos “não produz qualquer metal pesado, nomeadamente cádmio, cobre, cianeto, chumbo ou níquel”.

O que acontece acentua a autarquia é que a ETAR, “não elimina a totalidade daqueles metais”, produzidos por diversas unidades industriais que são “depois descarregados na rede de saneamento”.

Para superar os constrangimentos que afectam a eficácia deste sistema de tratamento, estão em curso os trabalhos para a ampliação deste equipamento que estão “orçados em 16 milhões de euros”. O objectivo da obra, salienta o município de é que a ETAR fique em condições de respeitar as novas normas europeias. Assim a partir de 2017, Matosinhos “passará a ter a ETAR mais cara do país” assinala a autarquia, esclarecendo que aquela “cumpre cabalmente a função de tratamento das águas residuais, assegurando a excelente qualidade das águas balneares da zona”.

Desta forma, concluiu o comunicado da Câmara de Matosinhos “não está, minimamente em causa, a saúde pública ou a qualidade das praias do concelho, que são analisadas semanalmente e permitem inclusivamente que ostentem da Bandeira Azul da União Europeia”.  

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