CGD: PS satisfeito, PCP lembra que não pode ser a todo o custo

Os socialistas estão satisfeitos com o acordo com a Comissão Europeia para a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos. Já o PCP espera para ver.

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Porta-voz do PS diz que solução para a CGD não conta para as metas orçamentais Nuno Ferreira Santos

A notícia foi recebida com um alívio pesado no Largo do Rato. Não deixa de ser um alívio o alcance do acordo com a Comissão Europeia para a recapitalização do banco público (num valor total que chega aos 4,6 mil milhões de euros), mas o valor acaba por pesar nas contas futuras, já que parte dele contará para efeitos de dívida pública. Mesmo assim, os socialistas receberam a ideia como uma "excelente notícia". O PCP prefere jogar nas cautelas e o BE, para já, não fala.

O porta-voz do PS, João Galamba, salientou ao PÚBLICO a "vitória" alcançada pelo Executivo que, para o socialista, se desdobrou não só na questão do acordo, mas também na certeza que os valores não contarão como ajuda de Estado e que não terão impacto nas metas orçamentais. “Aquilo que foi conseguido foi a manutenção da Caixa em mãos 100% públicas e um programa de reestruturação e de recapitalização que lhe permitirá atuar no mercado e ser um banco sólido. É uma grande conquista do Governo e do país”, disse João Galamba, citado pela Lusa. Acrescentando que "a recapitalização da Caixa não será tida em conta em termos de metas orçamentais e de cumprimento do Procedimento por Défice Excessivo". Uma decisão, aliás, que o comunicado da Comissão Europeia sobre sanções já deixava a porta aberta.

Contudo, as novas contas da CGD acabarão por ter impacto na dívida pública portuguea. O porta-voz do PS recusa que esse seja um mau cenário e responde ao PÚBLICO que se trata de "um investimento": "Pior do que recapitalizar um banco tornando-o sólido é não recapitalizar tornando-o frágil", responde.

O PCP mostra-se cauteloso, mas satisfeito quanto baste, por enquanto. "O acordo é uma comunicação que satisfaz esta nossa reivindicação" de manter a Caixa Geral de Depósitos 100% pública, diz ao PÚBLICO Jorge Pires, da comissão política do comité central. O dirigente do PCP salienta a importância da recapitalização, dizendo que este acordo interrompe o caminho que vinha sendo seguido pelo anterior Governo, "de a conduzir à privatização".

Se estas são as boas notícias que o partido ouviu, também há dúvidas que ficam no ar. Jorge Pires quer saber o que o Governo teve de ceder para conseguir esta luz verde da Comissão Europeia. "Não conhecemos os detalhes. Temos de saber quais são as imposições para que a Comissão Europeia dar esta autorização. O que o banco público precisa não é de reduzir a sua actividade, precisa de reforçar a sua actividade. Não estamos de acordo com um plano que imponha despedimentos de pessoas e encerrramento de balcões", reforça.

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