Líder do PS-Porto descontente com Governo por causa da TAP

O deputado Tiago Barbosa Ribeiro diz entender “as limitações” do executivo na relação com a transportadora aérea, mas pede mais, para evitar cortes de rota no Porto.

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Deputado defende que o Governo deve tentar intervir na gestão da TAP

Se a privatização não servia os interesses do Porto, com a “renacionalização” também não se viram melhorias. É esta a opinião do deputado e presidente da concelhia do PS do Porto, Tiago Barbosa Ribeiro, que está descontente com a companhia aérea e com a decisão de cortar rotas directas a partir do aeroporto Francisco Sá Carneiro. O socialista também não está satisfeito com o Governo e pede mais.

A primeira insatisfação de Tiago Barbosa Ribeiro é com a TAP e com a gestão privada, que cortou nos voos directos de e para o Porto. Mas estende-se ao executivo e conta com a solidariedade de outros parlamentares. “Parece-nos que o Governo deveria ter tido essa intervenção [na decisão sobre as rotas], mas o Governo diz-nos que está limitado”, explica ao PÚBLICO.

Foi neste contexto que, logo em Janeiro, os deputados do PS eleitos pelo Porto fizeram uma pergunta ao Ministério do Planeamento e Infra-estruturas, sobre a suspensão de voos directos do Porto para algumas cidades europeias. A resposta chegou na semana passada. Aos deputados, o gabinete de Pedro Marques dizia que o caso em questão era decisão dos privados, porque foi isso que ficou acordado no compromisso assinado entre o Estado português e o consórcio da Atlantic GateWay, que garante que 50% da companhia aérea continua pública. “O Governo não teve conhecimento prévio sobre o processo de suspensão de ligações aéreas nos aeroportos nacionais da TAP, cuja matéria se encontra reservada à gestão privada da companhia, em resultado do processo de reprivatização encetado pelo anterior Governo”, respondeu o actual executivo.

Uma resposta que não agradou a Tiago Barbosa Ribeiro para quem o Governo do PS deveria tentar uma solução que lhe permitisse ter uma palavra a dizer na parte da gestão da companhia. “Discordo da resposta que recebi”, escreveu num comentário no Facebook quando desabafou sobre não conseguir ter voo directo do Porto para Roma. O deputado mede as críticas que faz ao Governo, mas não deixa de assumir que está descontente com o resultado, mesmo sabendo das limitações que já vêm de trás.

 “O [actual] Governo está limitado pelo contrato que foi assinado pelo anterior. Mas independentemente disso, esta solução não serve. A TAP tem de fazer mais pelo Porto e o Governo não pode ignorar” o que está a acontecer, frisa. 

A luta do Porto para manter rotas da companhia aérea portuguesa já não é de hoje e teve, aliás, o autarca Rui Moreira no papel principal. Apesar de, nestes últimos tempos, ter havido menos protestos, o deputado socialista defende que “é necessário manter a pressão sobre a TAP”, para se encontrar uma solução. E essa pressão faz-se a dois níveis: directamente com a companhia; e com o Governo. “O que dissemos ao Governo foi que a privatização não serviu os interesses do Porto e que a nacionalização só fazia sentido se servisse os interesses nacionais no seu todo. O que sentimos é que esta solução para a TAP continua a não servir os interesses do Porto”, diz Tiago Barbosa Ribeiro.

Esta crítica mais recente começou depois de a companhia aérea ter decidido fazer voos a cada hora entre Lisboa e o Porto. Para os deputados, esta decisão não é para favorecer o Porto, mas para fazer uma espécie de shuttle entre as duas cidades e assim "inflaccionar a procura de voos a partir da capital. Porquê? Porque não havendo voos directos do Porto para Roma, Barcelona, Milão e Bruxelas, por exemplo, as viagens são sempre feitas com passagem por Lisboa. "O que a TAP fez foi concentrar a maioria dos voos num aeroporto e de certa forma adulterar a procura desses voos", diz Tiago Barbosa Ribeiro. 

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