Fernando Pimenta deixou a pressão em casa para os 1000 metros da sua vida

Canoísta português é um sério candidato às medalhas (ouro incluído) na final olímpica do K1-1000 que se disputa nesta terça-feira no Rio de Janeiro.

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Fernando Pimenta está na final de K1 1000m REUTERS/Murad Sezer
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Damien MEYER/AFP
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Fernando Pimenta em acção Damien MEYER/AFP
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Francisca Laia chegou às meias-finais mas não conseguiu o apuramento para a final REUTERS/Murad Sezer

O dia de Fernando Pimenta vai começar sensivelmente às sete horas da manhã, hora do Rio de Janeiro. Vai tomar pequeno-almoço, fazer um aquecimento, relaxar mais algum tempo e, depois, vai entrar no caiaque, colocar-se na pista três na Lagoa Rodrigo de Freitas e, às 10h12 em ponto (14h12 hora de Lisboa), lançar-se para os 1000 metros da sua vida na final olímpica de K1-1000. O atleta que será, talvez, a maior esperança portuguesa para um título olímpico nos Jogos do Rio sente-se tranquilo, relaxado, confiante e sem pressão. Garantia do canoísta de Ponte de Lima. “A pressão ficou em Portugal.”

Depois de ter tido uma brilhante estreia olímpica em Londres 2012, como parte do barco que ganhou a medalha de prata no K2-1000 (com Emanuel Silva), Pimenta apresenta-se no Rio de Janeiro como um candidato ao título olímpico na prova individual e deu boas indicações nas duas corridas que fez até chegar à final, os primeiros passos para um objectivo maior. Ganhou a sua eliminatória com autoridade e fez uma corrida controlada na meia-final, em que foi segundo. “Senti-me muito bem na eliminatória e na meia-final houve ali uma parte em que não tive as melhores sensações devido à ondulação lateral, mas senti-me bem. Senti que não dei o meu máximo.”

Entre os oito, não há um que não seja candidato, diz Pimenta. E houve alguns que nem sequer lá chegaram. Alguns exemplos, na voz do português. “Um deles, o búlgaro [Miroslav Kirchev] que já foi vice-campeão do mundo e que já teve medalhas em Europeus, ficou pelas eliminatórias. O canadiano [Adam van Koeverden] que já foi campeão olímpico e medalha de prata em Londres não passou das semifinais, o húngaro [Balint Kopasz], terceiro no Europeu, também não, e o dinamarquês [Rene Poulsen], vice-campeão em Pequim, por pouco também não passava”, enumera.

Numa manhã que se prevê de calor, Pimenta garante que vai estar muito tranquilo e que a fase de andar nervoso já ficou para trás, com os 200 dias de treino que fez para se preparar para estes Jogos. “O trabalho está feito. A pressão foi exercida durante todos os dias de treino, em mais de 200 dias de estágio, muitos deles só eu e o meu treinador, isolados e focados nos Jogos Olímpicos. Estes vão ser os 1000 metros da minha vida”, diz Pimenta.

O actual campeão europeu da distância (título obtido já em 2016, em Moscovo) vai estar numa final só com canoístas europeus (Pimenta, Poulsen e o alemão Max Hoff são os três dessa final europeia que vão estar nesta terça-feira na final olímpica) e garante que se sente ainda melhor do que em Moscovo: “Estou melhor que no Europeu, sem dúvida, Tenho boas sensações, o trabalho acho que foi muito bem feito e deu-me boas expectativas, mas os Jogos são uma prova muito diferente. Alguns podem bloquear e outros superam-se.”

Mas a tranquilidade é mesmo uma ideia-chave do canoísta de 27 anos que vai competir neste ambiente ao mesmo tempo bucólico e urbano da Lagoa Rodrigo de Freitas, com um recorte que se divide entre os prédios e os morros, um deles o Corcovado, onde está o Cristo Redentor de braços abertos. Até se dá a coincidência de competir exactamente à mesma hora de Nelson Évora, que estará no Estádio Olímpico a saltar na final do triplo masculino. “Espero que seja um bom prenúncio”, diz o homem de Ponte de Lima, aceitando todos os bons augúrios que puder arranjar, mas sem contar com eles na final. “Vou dormir de consciência tranquila. Abdiquei do que tinha de abdicar e agora é esperar que as coisas aconteçam naturalmente. A canoagem é feita de pormenores. Alguns factores não podemos controlar, mas os que posso controlar, controlo-os muito bem.”

Pimenta é o primeiro finalista português na canoagem olímpica e espera que não seja o único. O próprio vai estar no K4 1000, com Emanuel Silva, João Ribeiro e David Fernandes, e também há grandes expectativas em relação a este barco, tal como em relação ao K2 1000 de Emanuel Silva e João Ribeiro e à canoa de Hélder Silva em C1 200. Já entre as mulheres, a estreante Francisca Laia não foi além das meias-finais em K1 200. Ainda brilhou nas eliminatórias (2.ª), mas acabou por fazer quinto na meia-final, sendo relegada para a final B. Não era esse o objectivo, diz a canoísta portuguesa, mas não foi uma participação negativa:  “Penso que na eliminatória falhei um pouco no arranque, mas faço um balanço bastante positivo da minha prestação. Acho que fiz uma boa prova, simplesmente há atletas mais fortes do que eu e contra isso não posso lutar.”

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