Taxistas acenam com novos protestos após reunião inconclusiva com o Governo

Governo insiste na legalização de plataformas de mobilidade como a Uber. Taxistas não aceitam e admitem tomar medidas.

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Os taxistas acusam plataformas como a Uber de operarem ilegalmente no país DR

As associações representativas dos taxistas saíram hoje descontentes de uma reunião em que o Governo insistiu na legalização de plataformas de mobilidade como a Uber e admitem tomar medidas contra aquilo que chamam de liberalização do sector.

Pelo seu lado, o secretário de Estado Adjunto e do Ambiente, José Mendes, destacou que o Governo está a ouvir os parceiros do sector com vista à elaboração da lei que vai regulamentar as plataformas, que deverá estar pronta em Setembro, seguindo depois o processo de aprovação legislativa. Até à legalização das plataformas, "a fiscalização está a actuar como sempre actuou", disse.

A ANTRAL – Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros e a Federação Portuguesa do Táxi (FTP) tinham pedido a reunião ao Ministério do Ambiente, que tutela o sector, depois de o Governo anunciar que pretende regulamentar a actividade de plataformas de transporte em automóveis descaracterizados, como a Uber e a Cabify.

"Nós não estamos contra as plataformas. O que queremos é ter os mesmos direitos que as plataformas e queremos que àqueles transportadores que vão desenvolver actividade futura debaixo das plataformas seja exigido o mesmo que é exigido aos táxis", afirmou Carlos Ramos, dirigente da FPT. Carlos Ramos acusou o Governo de não actuar perante a ilegalidade em que funcionam as plataformas, acrescentando que os taxistas "não vão permitir" esta situação.

O dirigente afirmou ainda que os taxistas não concordam com o Governo quando pretende que estas plataformas estejam sujeitas a um contingente nacional (sem obrigação de trabalharem um determinado número por região ou município) e não a um contingente regional ou local, como os taxistas.

Para Carlos Ramos, a intenção do Governo é desregulamentar o sector, destruindo um trabalho de 20 anos, e promover "a concorrência desleal" entre taxistas e motoristas de carros descaracterizados.

"Isto há muita coisa que está escuro, para mim. Muito escuro. De forma que nós, associações, teremos que mobilizar o sector e, já que o Governo não tem intenções de fazer parar estes senhores que andam a trabalhar ilegalmente, porque estão ilegais, se calhar terá de ser a indústria a fazer para que isso venha a acontecer", disse, pelo seu lado, no final do encontro, o dirigente da ANTRAL, Florêncio Almeida.

Este dirigente não quis especificar que medidas poderão ser tomadas pelos taxistas. "Muita coisa se poderá fazer e com toda a certeza que daqui para o futuro caberá ao Governo todas as responsabilidades de algo que venha a acontecer na sociedade. Porque elas vão acontecer com toda a certeza", acrescentou.

O secretário de Estado Adjunto e do Ambiente, José Mendes, negou que haja uma intenção de prejudicar os taxistas. "Naquilo que foram as recomendações do grupo de trabalho [criado para analisar medidas para o sector] está recomendado — e nós revemo-nos nessa recomendação — que os direitos que o sector do táxi mantinha vai mantê-los. Ou seja, o sector do táxi tem direito a ter carros caracterizados, tem um conjunto de benefícios fiscais, tem direito a ter praças de táxis na via pública e tem direito a ser mandado parar na via pública, que é uma coisa que nenhum dos outros operadores vai ter", referiu o governante.

José Mendes realçou ainda que os taxistas foram recebidos por si e pelo ministro do Ambiente no âmbito da preparação da regulamentação, que durante este processo também vai receber a Uber, a Cabify e a MyTaxi e que a divergência de opiniões "faz parte de um processo negocial".

A Uber e a Cabify são plataformas online que permitem pedir carros descaracterizados de transporte de passageiros, com uma aplicação para smartphones que liga quem se quer deslocar a operadores de transporte.

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