Fundação Gates atribui 360 mil euros a grupo de Miguel Soares

Equipa irá ajudar a desenvolver uma vacina para a malária.

Foto
Miguel Soares e o seu grupo de investigação no Instituto Gulbenkian de Ciência, Oeiras Sandra Ribeiro/IGC

O grupo de investigação liderado por Miguel Soares, do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), em Oeiras, foi seleccionado pela Fundação Bill e Melinda Gates para ajudar a desenvolver uma vacina contra a malária. Nos próximos dois anos, a equipa irá receber 400 mil dólares (363,8 mil euros) para investigar se uma determinada molécula de açúcar produzida pelo parasita que causa a malária, o Plasmodium, deve ser incluída numa nova vacina contra esta doença – anunciou esta terça-feira o IGC em comunicado. É a segunda vez que Miguel Soares e a sua equipa são reconhecidos pela Fundação Gates.

O glicano alfa-gal é uma molécula de açúcar produzida por bactérias existentes nos intestinos humanos e que também aparece na membrana dos parasitas da malária no momento da picada dos mosquitos. Há menos de dois anos, a equipa de Miguel Soares descobriu que o glicano alfa-gal pode desencadear um mecanismo natural de defesa, conferindo uma protecção elevada contra a transmissão de malária. Este trabalho foi publicado na revista científica Cell.

Agora, a Fundação Bill e Melinda Gates convidou Miguel Soares a usar estas descobertas para ajudar no desenvolvimento de uma vacina para a malária. Este trabalho vai ser desenvolvido em colaboração com o investigador Henrique Silveira, do Instituto de Higiene e Medicina Tropical (em Lisboa), que no ano passado também viu serem atribuídos 93 mil pela Fundação Bill e Melinda Gates para um projecto sobre a malária. Participa ainda a Malaria Vaccine Initiative.

“O nosso objectivo é perceber se esta molécula de açúcar pode ser usada como alvo para a vacina da malária. Usando a plataforma de ensaios da Fundação Bill e Melinda Gates, vamos investigar se anticorpos específicos contra o alfa-gal conseguem evitar a transmissão da malária”, diz Miguel Soares, que em 2010 já tinha ganho 72 mil euros da Fundação Bill e Melinda Gates para verificar se havia bactérias no tubo digestivo humano que oferecessem aos seres humanos resistência contra o parasita da malária. Este projecto, adianta o investigador citado no comunicado do IGC, “irá guiar a decisão da fundação [Gates] num futuro investimento sobre o uso de glicanos como candidatos a uma vacina de malária que bloqueie a transmissão do Plasmodium”.

Em 2015, cerca de 200 milhões de pessoas tiveram malária em todo o mundo. “Um mundo livre de malária até 2020” é o objectivo da Fundação Bill e Melinda Gates e, para tal, apoia projectos de investigação com caminhos arrojados e pioneiros para desenvolver uma vacina. Actualmente, já existe uma vacina da malária, mas destina-se apenas a crianças e tem uma protecção limitada.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários