O beijo gay cortado de Star Trek e o cameo de Jeff Bezos

A cena cortada do filme e a participação no elenco do fundador da Amazon, Jeff Bezos, têm dado que falar.

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Chris Pine e John Cho, que interpretam Kirk e Sulu Alberto E. Rodriguez/Getty Images/AF

Star Trek Beyond, décima terceira longa-metragem desta franchise de ficção científica e terceiro filme com o mais recente elenco, inclui a revelação de que Sulu, a personagem interpretada por John Cho, é gay, alargando ao domínio das orientações sexuais um gosto pela diversidade que sempre marcou a saga, a cuja versão televisiva já ficáramos a dever há quase meio século um pioneiro beijo inter-racial.

A escolha de Sulu como representante da diversidade LGBT é uma homenagem a George Takei, o actor assumidamente homossexual que interpretou o papel na série televisiva original. Takei, no entanto, apesar de honrado e feliz pela inclusão do tema na história, escreveu numa publicação no seu Facebook que preferia que tivesse sido criada uma personagem nova. “Percebo que os novos filmes de Star Trek têm uma linha do tempo alternativa, mas parece-me desnecessário tentar consertar uma personagem já existente para cumprir a esperança de Gene num universo de Trek diversificado”.

Segundo George Takei, Gene Roddenberry queria criar personagens LGBT há muito tempo e os dois chegaram a falar sobre isso, mas “Gene sentiu-se constrangido pela sensibilidade do tempo”. Em 1968, o primeiro beijo inter-racial entre Kirk e Uhura levou à quebra das audiências e foi censurado no sul dos Estados Unidos. “Gene tomou uma decisão consciente de tornar as personagens principais heterossexuais e trabalhou dentro desses parâmetros para contar histórias incríveis que, ainda assim, desafiaram vários valores culturais daquele tempo”, afirmou Takei.

Em Star Trek Beyond, Sulu tem uma filha com o companheiro, mas apesar da maior abertura do tempo em que vivemos, foi cortado um beijo entre as duas personagens masculinas. John Cho, o actor que interpreta Sulu, referiu em entrevista à Vulture que estava originalmente prevista uma maior demonstração de afectos no grande ecrã. “Não era nada de mais. Estávamos no aeroporto com a nossa filha e era um beijo de boas-vindas. Estou muito orgulhoso dessa cena, porque foi bastante difícil.” Apesar disso, a maior preocupação de John Cho era honrar George Takei. “Não queria que sentisse que o estávamos a reduzir à sua sexualidade por termos pegado neste pedaço da sua vida. A opinião dele era importante para mim, e preferia ter tido o apoio dele.”

Simon Pegg, que co-escreveu o guião, insiste que a representação do casal gay está bem conseguida e que poderá ser mais aprofundada em futuros filmes. “Se a história evoluir no sentido de se explorar a relação pessoal deles, tudo bem, mas se não acontecer, não o faremos apenas porque sim, privilegiamos uma boa história”, reconheceu.

Não menos falatório tem originado a participação de Jeff Bezos, fundador e presidente da Amazon, no novo filme da saga. Bezos vai interpretar um oficial alienígena da Starfleet, ao lado de James T. Kirk (Chris Pine) e Spock (Zachary Quinto). Em entrevista à Associated Press, o realizador Justin Lin elogiou o seu esforço. “Ele tem sempre uma grande comitiva à sua volta, mas isso não o atrapalha. Teve que esperar o dia todo para filmar, porque era um dia em que gravámos três cenas diferentes.”

A presença de Jeff Bezos causou um grande rebuliço no set de gravações. “Eu estava lá e de repente aparecem uns nove seguranças e três limousines. Eu não fazia ideia de quem ele era, não tinha uma pista sequer. Mas era alguém obviamente importante”, contou o protagonista do filme, Chris Pine, o capitão James T. Kirk no filme.

A admiração de Jeff Bezos por Star Trek é muito conhecida no mundo empresarial, até porque já a referiu várias vezes em público, e o seu entusiasmo com o espaço é tão grande, que Bezos criou a sua própria empresa aeroespacial privada, a Blue Origin.

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