PSD lembra que suspendeu contrato do TGV devido a chumbo do Tribunal de Contas

Vice-presidente do grupo parlamentar social diz que o governo esteve bem em anunciar o recurso da decisão e alerta para os riscos da anulação das subconcessões

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Contrato foi celebrado, em Maio de 2010, pelo anterior Governo Foto: Nuno Ferreira Santos

O PSD alertou hoje que o anterior Governo não assinou o contrato do TGV, relativamente ao qual o Estado foi condenado a pagar quase 150 milhões de euros, porque o documento foi chumbado pelo Tribunal de Contas. "O contrato [da obra de execução do TGV] foi feito [com o consórcio Elos] pelo anterior Governo do PS e foi suspenso pelo anterior Governo do PSD. Mas este contrato foi chumbado pelo Tribunal de Contas (TdC). Era impossível assinar um contrato chumbado pelo TdC", justificou Luís Leite Ramos, vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, à margem de uma conferência de imprensa sobre portagens, no Porto.

Para o PSD, a condenação do Tribunal Arbitral, hoje divulgada pelo PÚBLICO, alerta para os "riscos" que o actual executivo socialista "está a correr com a reversão dos contratos dos transportes" de Lisboa e do Porto". De acordo com Luís Leite Ramos, no caso da concessão dos transportes, o TdC "ainda não se pronunciou", facto que representa "um risco de indemnizações mais significativas" por travar o processo. "O contrato do TGV foi chumbado pelo TdC e, mesmo assim, o Tribunal Arbitral decidiu que há direito a indemnização", frisou o deputado.

Para o social-democrata, o Governo já disse, "e bem, que vai recorrer" da decisão relativa ao TGV.
No caso da reversão da concessão dos transportes, o PSD quer saber se "o Governo acautelou todos os riscos" e se "o interesse está plenamente garantido". 

O ministro do Ambiente garantiu em Fevereiro, no Porto, que o fim da concessão dos transportes não implica qualquer indemnização às empresas vencedoras do concurso lançado pelo anterior Governo, já que o mesmo tinha, pelo menos, "duas ilegalidades com significado". "Os transportes rodoviários serão muito mais bem geridos por quem está perto dos problemas, por quem gere as autarquias", anunciou Matos Fernandes.
"O Governo não invocou o interesse público para por fim às concessões. Não o tendo feito, não há lugar a indemnizações. Os contratos não tinham o visto do Tribunal de Contas e encontramos duas ilegalidades que impediam esse visto", esclareceu o governante.

O Estado foi condenado a pagar quase 150 milhões de euros ao consórcio Elos, que ganhou a obra de execução do TGV (comboio de alta velocidade), mas vai recorrer da decisão do Tribunal Arbitral. 

Ao consórcio Elos, liderado pela então Soares da Costa e pela Brisa, foi adjudicado o projecto de ligação de alta velocidade ferroviária Poceirão-Caia, cujo contrato foi chumbado pelo Tribunal de Contas, no final de março de 2012, levando o governo de então a anunciar o abandono "definitivo" da construção de uma rede portuguesa de alta velocidade (mais conhecida como TGV). Na sequência desta decisão, o consórcio avançou com um pedido de indemnização ao Estado por despesas incorridas de 169 milhões de euros.

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