Na primeira reunião da Câmara do Porto como vereador do Desenvolvimento Económico e Social, o vereador Ricardo Valente, eleito pelo PSD, ouviu os elogios dos colegas de bancada, em clara discordância com a posição violenta que fora assumida pela concelhia daquele partido. O presidente Rui Moreira esclareceu ainda que Ricardo Valente manter-se-á com este pelouro após o esperado regresso do vereador Sampaio Pimentel, pelo que o número de vereadores a tempo inteiro deverá passar de sete para oito.

Amorim Pereira, o primeiro vereador do PSD, classificou a nomeação do colega de bancada como “uma escolha muito acertada do presidente da câmara”, defendendo que a cidade terá “com certeza muito a ganhar” com esta decisão.

Já Ricardo Almeida (PSD) aproveitou para realçar o que considerou ser “o reconhecimento de que na coligação Porto Forte e no PSD existem pessoas válidas” e deixar um aviso ao PS: “Com este rearranjo já não é preciso o PS para existir uma maioria nesta câmara”. O vereador lamentou ainda o facto de o tema não ter sido “articulado com as forças políticas”, afirmando que o PSD soube da escolha de Ricardo Valente para o pelouro da Economia “pela comunicação social”.

O presidente da câmara, Rui Moreira, tinha uma explicação: “Quando endossei o convite, o senhor vereador Ricardo Valente deu-me conta que gostaria de ser ele a falar com os colegas de bancada e com a força política que representa. Foi essa a razão para eu não o ter feito”.

Ao contrário de Ricardo Almeida, Amorim Pereira disse não se sentir “nada afectado” por não ter sido contactado por Rui Moreira, argumentando: “O presidente sabia que esta escolha me ia deixar muito feliz”.

A posição dos dois eleitos do PSD, que já fora assumida publicamente, contrastou com a que fora assumida pelo líder da comissão política concelhia do PSD, Porto, Miguel Seabra, que ao conhecer a nomeação de Ricardo Valente classificara o facto de este ter aceitado ser vereador com pelouro de Rui Moreira como uma “deslealdade para quem o elegeu”. A reacção dura foi relembrada, esta terça-feira, por Manuel Pizarro, do PS, que disse ainda ter sido consultado sobre a escolha de Rui Moreira e ter “concordado em absoluto” com ela. “Desejo as maiores felicidades ao vereador Ricardo Valente e queria realçar a posição de grande elevação que contrasta fortemente com a posição lamentável na forma e no conteúdo assumida pela concelhia do PSD”, disse.

Também Pedro Carvalho, da CDU, anunciou que já saudara Ricardo Valente, deixando um desejo para o futuro: “O que se fez na área de Economia não foi muito relevante, há muito para fazer, espero que possa ser feito ainda neste mandato”.

Rui Moreira afirmou ainda que a entrega de um pelouro a Ricardo Valente não decorre do facto de o vereador Manuel Sampaio Pimental (CDS/PP), eleito pelo movimento independente Porto, O Nosso Partido, estar actualmente com as funções suspensas, a seu pedido. O autarca disse desejar que Sampaio Pimentel regresse em Setembro e que, nessa altura, irá propor uma alteração às regras de funcionamento do executivo, para que este possa passar a incluir oito vereadores a tempo inteiro, em vez dos actuais sete.

Os pelouros da competência de Sampaio Pimentel – Fiscalização e Protecção Civil – ficam, por enquanto, nas mãos do presidente.