Depois do calor e antes dos National, houve Kurt Vile no SBSR

O compositor norte-americano foi o responsável pelas primeiras ondas de delírio do festival.

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Mandou o calor nas primeiras horas do Super Bock Super Rock (SBSR), no Parque das Nações, em Lisboa. Quando Débora Umbelino – Surma, melhor dizendo – toma o palco disposto sob o Pavilhão de Portugal, há uma língua de luz solar que parece queimar, e as gentes dispõem-se desenhando uma peculiar distribuição de público, como se fugissem do próprio inferno. Em palco, a cantora parece reagir a isso, com uma música aquosa, que se espraia leve levemente como se embalasse os habitantes do Oceanário, mesmo ali em frente.

Pouco depois, no palco comissariado pela Antena 3, parece não haver alternativa a ocupar as primeiras filas, zona única de sombra, e só passados alguns minutos de Alek Rein em palco a desfiar uma pop de linhagem adolescente americana é que as escadas do Meo Arena (no exterior) se vão compondo. O cenário assim há-de continuar durante as actuações de Lucius ou Benjamim, enquanto alguns fãs mais ansiosos dos Temper Trap e The National guardam já – ao fresco – um lugar na primeira fila do Meo Arena, horas antes de os concertos sequer arrancarem no interior da sala.

Depois de Benjamim começar a animar a noite com a sua pop cheia de pontadas africanas, viriam os Peixe:Avião com o seu rock a caminho da saturação. Mas antes da refeição principal com The National, Samuel Úria, Jamie XX e Disclosure, seria Kurt Vile a provocar as primeiras ondas de delírio, nessa sua forma muito particular de juntar num só corpo Lou Reed, Bruce Springsteen e Bob Dylan. Poderia resultar num aberrante monstro de Frankenstein; mas acontece que resulta numa fascinante máquina de citação da melhor música popular norte-americana.

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