Super Bock Super Rock e Marés Vivas: três dias, duas cidades, dois festivais

Em Lisboa, The National, Iggy Pop, Massive Attack ou Kendrick Lamar. Em Vila Nova de Gaia, Elton John, James ou Kodaline. O Super Bock Super Rock e o Marés Vivas começam esta quinta-feira.

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Os National, de Matt Berninger, estão de regresso a Portugal PAULO PIMENTA

A norte o Marés Vivas, em Gaia, festival que cresceu até se afirmar como um dos mais populares e concorridos do Verão – ao longo de três dias (esta quinta-feira é o primeiro) são esperadas 90 mil pessoas junto à Praia do Cabedelo para ver Elton John, Kodaline ou James. Mais a sul acontece o Super Bock Super Rock, o decano dos festivais portugueses que, na edição de 2015, encontrou nova casa no Parque das Nações, em Lisboa. Cartaz de luxo em 2016, com Kendrick Lamar a actuar no já esgotado último dia, 16 de Julho, acompanhado de De La Soul ou Orelha Negra, e com Iggy Pop, The National, Massive Attack ou Kurt Vile a subirem a palco nos dias anteriores. A lotação máxima diária é de 20 mil espectadores e os passes gerais estão muito perto de esgotar.

No que à logística diz respeito, esta edição já terá agulhas afinadas em relação à estreia no novo local. Depois dos anos passados na Herdade do Cabeço da Flauta, no Meco, o Super Bock Super Rock voltou a ser um festival urbano. Instalou-se o ano passado no Parque das Nações, aproveitando a Meo Arena como palco principal entre os quatro montados no festival. Este ano, entre a reorganização do espaço e outros melhoramentos, destaque para a intervenção na Meo Arena, feita com o objectivo de melhorar as condições acústicas do pavilhão, reconhecido calcanhar de Aquiles da estrutura.

Na edição deste ano, o grande destaque será Kendrick Lamar, nome cimeiro do hip hop actual (e da música contemporânea, sem género), e a forma como a programação, como raramente acontece por cá, se agrupa naquele dia à volta do autor de To Pimp a Butterfly. Antes de Lamar, que actua às 23h50, estarão na Meo Arena, o palco Super Bock Super Rock, os históricos De La Soul (22h20), cabendo aos Orelha Negra inaugurar o palco principal (20h50). Enquanto isso, e sem esquecer o concerto especial dos GNR, que apresentarão o clássico Psicopátria (palco EDP, 22h50), teremos o hip hop por hoje inescapável de Capicua (palco EDP, 21h20), ouviremos as rimas, em modo trap, do óptimo Mike El Nite (palco Antena 3, 19h40) e teremos DJ sets de DJ Ride, homem de vistas largas mas com o coração no hip hop (Palco Carlsberg, 1h20), e da Batida criada em modo pan-africanismo luso por Pedro Coquenão (Palco Carlsberg, 2h50). O sucesso da aposta ficou comprovado com o anúncio de lotação esgotada para o dia em questão. Mas o Super Bock Super Rock está longe de se esgotar em Lamar.

O festival arranca esta quinta-feira com uma mostra diversa de nomes com relação próxima com o público português. Os National de Matt Berninger já são da casa (palco Super Bock, 22h10), Kurt Vile e a sua Americana nublada (palco EDP, 21h10), tal como os Disclosure e sua festiva synth-pop (24h, palco Super Bock Super Rock), são fenómeno de culto em crescendo nos últimos anos. E ainda há DJ Shadow, mago criativo do hip hop (palco Carlsberg, 2h50), os colombianos Bomba Estéreo e a sua cumbia transportada para o século XXI (palco Carlsberg, 1h35) e, no Palco Antena 3, uma selecção inspirada do presente da música feita em Portugal: a partir das 18h15, ouviremos Alek Rein, Benjamim, Peixe:Avião e Samuel Úria.

Sexta-feira, expectativa para o reencontro com o adorável espalha-brasas Mac DeMarco (palco EDP, 22h) e com o R&B mutante de Rhye (palco EDP, 21h30). No Palco Antena 3, nova selecção inspirada: Basset Hounds, Pista, Glockenwise, Capitão Fausto. As contingências da programação não foram, porém, generosas para com os autores do celebrado Têm os Dias Contados. Quando os Capitão Fausto iniciarem o seu concerto, às 22h, estará Iggy Pop a entrar no palco Super Bock Super Rock. O vocalista dos Stooges, que editou este ano Post Pop Depression, álbum a que se entregou como um último manifesto artístico, interpretará canções de todo o seu (longo) percurso e estará acompanhado de uma super banda onde se incluem os músicos que com ele gravaram o álbum mais recente, Josh Homme, dos Queens Of The Stone Age, Dean Fertita, dos Dead Weather e Matt Helders, dos Arctic Monkeys, aos quais se juntam Matt Sweeney e Toy Van Leeuwen, também dos Queens Of The Stone Age. Depois de Iggy, tempo para os Massive Attack, os revigorados Massive Attack do EP Ritual Spirit, editado em Janeiro e no qual surge o trio escocês Young Fathers, que os acompanhará no concerto.

Na altura em que os Massive Attack estiverem a actuar em Lisboa, Gaia já estará a dançar o rock dos irlandeses Kodaline (23h35), juntamente com o britânico James Bay (22h), um dos destaques do segundo dia de Marés Vivas. O festival, que aposta em fenómenos de massas, recentes ou do passado, divide-se por quatro palcos, um deles dedicado a humoristas como César Mourão ou António Raminhos, outro apostando em nomes de relevo no (cada vez menos) underground português, como Glockenwise, que actuam esta quinta-feira, e Jibóia ou Plus Ultra, que veremos sexta-feira.

No palco principal, assistir-se-á esta quinta-feira ao regresso a Portugal de um entusiasmado Elton John – se assim não fosse, por que razão teria o cantor de Your song pedido que o início do seu concerto fosse adiantado para as 21h, forma de tocar duas horas completas? Antes dele, o muito saboroso batido soul/funk/r&B de Kelis (19h45). Depois dele, o hip hop orelhudo do fenómeno juvenil D.A.M.A. (23h30). O Marés Vivas termina sábado com os James de Tim Booth (0h20), com Rui Veloso (22h30) ou com os cantautores britânicos Tom Odell (21h15).

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