Um Queer Lisboa Absolutamente Fabuloso com Eddie e Patsy (e Derek Jarman)

Os 20 anos do festival de cinema LGBT serão celebrados também com um olhar para o New Queer Cinema americano.

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Derek Jarman foi uma das figuras mais marcantes do cinema britânico do pós-punk

Bastaria o aniversário redondo do Queer Lisboa – 20 aninhos bem contados – para justificar a atenção à edição 2016, que decorre de 16 a 24 de Setembro e foi apresentada ao fim da tarde desta terça-feira em Lisboa. Mas o caso muda de figura quando o filme de abertura, a projectar no São Jorge a 16 de Setembro, é a adaptação ao grande ecrã da comédia da BBC Absolutamente Fabulosas, com Jennifer Saunders e Joanna Lumley; quando a retrospectiva desta edição, a decorrer na Cinemateca Portuguesa, é dedicada a Derek Jarman, o realizador de Jubilee e Wittgenstein, e também uma das figuras mais marcantes do cinema britânico pós-punk; e quando a segunda “expansão” para o Porto (5 a 9 de Outubro) mostrará uma retrospectiva do New Queer Cinema americano, com filmes de Gus van Sant, Todd Haynes ou Gregg Araki.

O “golpe” mediático desta edição é claramente a exibição de Absolutely Fabulous: The Movie, que actualiza e amplia para grande ecrã as peripécias vividas pela relações públicas Eddy e pela sua amiga alcoólica Patsy, criadas pela actriz e argumentista Jennifer Saunders. A série de comédia da BBC estreou-se em 1992 e, para lá do seu enorme êxito de audiências (também em Portugal, onde passou no bloco Britcom da RTP), tornou-se um culto global junto da comunidade LGBT. O filme, que não tem ainda exibição comercial confirmada para o nosso país, é já um enorme êxito de bilheteira no Reino Unido; depois de abrir o Queer Lisboa a 16 de Setembro, encerrará o Queer Porto a 8 de Outubro.

Já a retrospectiva de Derek Jarman (1942-1994) propõe, segundo a organização, mais de 40 títulos (entre curtas e longas) para ilustrar uma carreira fulgurante e prolífera. O cineasta britânico, que morreu em 1994, aos 52 anos, de complicações relacionadas com sida, estudou pintura e iniciou carreira no teatro como cenógrafo e figurinista, mas desde muito cedo se pôs a filmar curtas experimentais. Constante resistente contra um meio que não sabia o que fazer com uma personagem tão pouco ortodoxa e tão experimental, Jarman deixou obras como Jubilee (1977), considerado o grande filme do movimento punk, Caravaggio (1986), que marcou o início da sua colaboração com Tilda Swinton, ou Blue (1993), onde um ecrã inteiramente azul é ilustrado por uma voz off testamentária do próprio realizador.

No Porto, o programa será marcado pela retrospectiva dedicada ao New Queer Cinema americano, “cristalizado” à volta do artigo da crítica e ensaísta B. Ruby Rich na revista Sight & Sound, que introduziu o termo e o aplicou a uma série de produções independentes que partilhavam um novo olhar sobre as sexualidades alternativas. A retrospectiva irá incluir cinco clássicos dessa “nova vaga”, entre os quais Mala Noche, de Gus van Sant, Veneno, de Todd Haynes, The Living End, de Gregg Araki, e Swoon, de Tom Kalin, cineasta que estará também presente no Queer Porto para uma masterclass.

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