Drake insurge-se contra violência policial sobre negros nos EUA

Músico junta-se a Beyoncé ou Kendrick Lamar nas críticas à relação "tensa" entre as autoridades e a comunidades não-brancas após morte de Alton Sterling às mãos da polícia em Baton Rouge.

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Emmanuel DUNAND/afp

Drake, uma das maiores estrelas musicais da América do Norte, escreveu uma carta aberta sobre a morte de Alton Sterling, um de dois homens negros alvejados nos últimos dias pelas autoridades policiais dos EUA, em que chama a atenção para a relação “tensa” entre as “comunidades negra" e outras de ascendência hispânica ou do sudeste asiático, passando por mestiços, e a polícia. E, confessando-se “preocupado com a segurança” de “qualquer ser humano que possa ser vítima deste padrão”, pede “mais vida”.

O rapper canadiano, que lembra a sua gratidão “por poder chamar à América” a sua “segunda casa”, relata através de um testemunho partilhado no Instagram como reagiu ao ver o vídeo da morte de Sterling – na terça-feira, o homem foi morto a tiro quando estava a vender CD em Baton Rouge, capital do estado da Luisiana, depois de ter sido manietado e segurado por dois polícias. Um dos vídeos do sucedido mostra-o ser alvejado a tiro e os polícias a gritarem, quando o homem já estava no chão, “ele tem uma arma!”. O dono da loja que testemunhou a detenção e os tiros fatais disse à imprensa local que a polícia retirou depois uma arma do bolso de Sterling, sem que haja registo de que ela tenha sido apontada aos agentes.

Drake, um recordista de vendas, escreve: “Ontem à noite, quando vi o vídeo de Alton Sterling a ser morto, fiquei desencorajado, emocionado e com verdadeiro medo. Esta manhã acordei com a forte necessidade de dizer alguma coisa." Descoroçoado, o autor do recente Views from the 6, referiu-se ao facto de a hashtag #Sterling se ter tornado um tópico popular nas redes socais, mais um episódio do que considera ser a discriminação e o uso excessivo de violência por parte das autoridades para com os não-brancos nos EUA.

“É impossível ignorar que a relação entre as comunidades negra e brown [termo usado no jargão do inglês da América para referir várias origens étnicas não-caucasianas] e as forças policiais continua tão tensa quanto o era há décadas. Ninguém começa a sua vida como uma hashtag. Contudo, a tendência para se ser reduzido a uma [hashtag] continua." Drake está “preocupado": "Preocupado com a segurança da minha família, dos meus amigos e de qualquer ser humano que possa ser vítima deste padrão. Não sei a resposta. Mas acredito que as coisas podem mudar para melhor. O diálogo aberto e honesto é o primeiro passo”, continua, rematando com um “mais vida”.

Já depois disso, na quarta-feira à noite, a polícia matou Philando Castile, atingido com vários tiros no seu carro, parado numa operação stop no Minnesota. Segundo a sua namorada, que se encontrava no carro com uma criança, o polícia disparou várias vezes depois de Castile ter avisado que a carta de condução estava na carteira, que, por sua vez, estava no bolso das calças, e que também tinha uma arma consigo, para a qual teria licença de porte. Nesse mesmo dia, o Departamento de Justiça dos EUA encetou uma investigação formal, no âmbito dos Direitos Civis, aos acontecimentos de Baton Rouge.

Nos últimos meses, vários artistas têm feito referências no seu trabalho ou publicamente ao que consideram ser a discriminação de que são alvo pela polícia os homens afroamericanos nos EUA, desde Beyoncé até Kendrick Lamar. Esses protestos tornaram-se um movimento social, de Ferguson a Treyvon Martin, de Michael Brown a Eric Garner, que gerou manifestações e uma hashtag partilhada nas redes sociais clamando que #BlackLivesMatter.

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Notícia corrigida às 16h55 de dia 8: precisa o uso da expressão "brown" no contexto étnico dos EUA

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