Incerteza? Na Caixa, com certeza

Centeno está a libertar informação de forma descontextualizada, o que é irresponsável e perigoso

A Caixa Geral de Depósitos, pela dimensão e por ser um banco público, desempenha um papel determinante, não só na economia, mas também como referência no sistema financeiro. Situações de indefinição e incerteza são prejudiciais em toda a linha. E nesta altura há duas situações que convém esclarecer. A primeira é o vazio de poder. O mandato da equipa de José de Matos terminou em Dezembro 2015 e em Março o Governo convidou António Domingues para liderar o banco. Não se percebe a demora na substituição da equipa, o que já levou a actual administração a criticar o Governo pela indefinição que paira há meses sobre o maior banco do sistema. Não se percebe este arrastar de liderança, sobretudo num momento em que se sabe, tal como o PÚBLICO já noticiou, que a falta de clarificação ao nível da governação está a levar à suspensão de muitas decisões, em especial na área do crédito.

A segunda incerteza que convém clarificar é a do plano de recapitalização. Neste caso até se percebe a demora, já que a injecção de dinheiro no banco público implica duras negociações com Bruxelas porque é uma operação que poderá ter impactos indesejados ao nível das contas públicas. O que não se percebe é a forma como Mário Centeno tem gerido a informação, libertando-a de forma descontextualizada e que só contribui para criar um ruído desnecessário e assustar os trabalhadores e clientes. A frase que foi dizer ao Parlamento – “há um desvio enormíssimo no plano de negócios que o Governo anterior geriu com a CGD, que atinge verbas superiores a 3.000 milhões de euros, e que tão negligentemente o Governo anterior acompanhou” – é de uma grande irresponsabilidade, não só pela escolha desproporcionada do adjectivo, como pela ausência de explicações e de enquadramento de um valor que aparece atirado para o ar.

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