Belenenses dá pontapé de saída do “maior e mais moderno complexo desportivo” de Lisboa

As obras de “requalificação” do complexo, que serão feitas por fases, deverão começar ainda este ano. Está em causa um investimento superior a 30 milhões de euros, a suportar por privados.

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Os sócios do Belenenses serão ouvidos na terça-feira Foto: Nuno Ferreira Santos

O Clube de Futebol Os Belenenses conta iniciar ainda este ano as obras de requalificação do seu complexo, que incluem a construção de um colégio, um pólo universitário, uma área comercial, uma clínica médica de alto rendimento e um centro de estágios, entre outros equipamentos. Sem se comprometer ainda com uma data, o presidente do clube admite que gostaria que os trabalhos ficassem concluídos ou perto disso a tempo do centenário da instituição, em 2019. 

Esta sexta-feira a Câmara de Lisboa e o clube promoveram uma apresentação do Projecto de Requalificação do Complexo do Restelo, cujo pedido de informação prévia foi recentemente aprovado pela autarquia. O dia desta apresentação era também o dia em que terminava o prazo para a entrega de propostas com vista à concretização daqueles que serão os dois primeiros equipamentos a construir no local: o “estabelecimento de ensino/colégio” e o “pavilhão polidesportivo”.

“Hoje é o primeiro dia do resto da vida do Belenenes”, afirmou o presidente da instituição, destacando que “na história deste glorioso clube há o antes do dia 1 de Julho de 2016 e o depois do dia 1 de Julho de 2016”. “Com este pedido de informação prévia, com este projecto de requalificação do complexo desportivo, o Belenenses apanha definitivamente o comboio da modernidade”, acrescentou Patrick Morais de Carvalho, cuja ambição é criar “o maior e mais moderno complexo desportivo e de lazer da cidade de Lisboa”.

Na perspectiva deste responsável, o projecto agora posto em marcha vai permitir alcançar “pelo menos três objectivos”: “modernizarmos as instalações desportivas”, “termos a capacidade de o Belenenses se abrir ao exterior, à cidade, a todos os munícipes” (e assim “captar mais sócios, mais adeptos”) e “garantir a sustentabilidade financeira para as próximas décadas”.

Desenvolvido pelo arquitecto Miguel Saraiva, o projecto contempla a construção de um colégio, um pavilhão desportivo, uma área comercial, um centro de estágios, um pólo universitário, uma clínica médica de alto rendimento, ginásios, piscinas, um healthclub e campos de futebol. Está em causa uma área de cerca de 11 hectares.

Como explicou Patrick Morais de Carvalho, foram definidas diferentes parcelas, para cada uma das quais será lançado um concurso público distinto. O único lançado até ao momento destina-se à “concepção, construção e exploração” do já referido colégio e à “concepção e construção” de um pavilhão desportivo. Este último equipamento será gerido e utilizado pelo clube mas financiado pelo privado ao qual forem atribuídos, por 50 anos, os direitos de superfície desta parcela.

Segundo o presidente do Belenenses, houve “quatro entidades” a levantar o programa do concurso e o caderno de encargos. “Temos a expectativa, para não dizer a certeza, que hoje vão ser entregues duas propostas”, afirmou na conferência de imprensa.

O segundo concurso a ser lançado deverá ter como objecto “o topo norte” do complexo, no qual vão nascer os ginásios, as piscinas e o healthclub, e o terceiro o “topo sul”, para o qual está prevista “uma pequena galeria comercial e um supermercado”. Para o fim, nestas obras que como nota Patrick Morais de Carvalho, vão ser feitas “em etapas”, ficarão os restantes equipamentos, cujos trabalhos de construção implicarão encontrar um local alternativo provisório para a prática desportiva.  

O presidente da instituição fez questão de sublinhar que tudo isto será feito “com a ideia de fundo de ser o Belenenses o dono da obra e o dono do projecto, não permitindo que o património imobiliário do clube possa ser dado como garantia a terceiros no sentido de se financiarem para poderem aqui construir”. De acordo com um comunicado de imprensa distribuído no fim da apresentação, a requalificação da totalidade do complexo envolve um investimento “superior a 30 milhões de euros”.

Nesse mesmo comunicado explicita-se que os diferentes negócios que se prevê que venham a ser firmados terão como contrapartidas “a construção ou reabilitação de infra-estruturas desportivas para o clube e uma renda mensal”. “Há inúmeros interessados em praticamente todas as parcelas”, garantiu o presidente da instituição.

Em declarações ao PÚBLICO, Patrick Morais de Carvalho sublinhou que “mais de 80% da área que vai ser edificada tem a ver com a prática desportiva e com actividades subjacentes”, o que em seu entender contrasta muito com as diferentes propostas que foram sendo apresentadas ao longo dos últimos anos. “Muitos dos projectos contemplavam habitação e escritórios. Sempre tivemos receio, havia muita especulação imobiliária”, diz, considerando que “a aprovação deste pedido de informação prévia garante que a especulação imobiliária é definitivamente afastada”.    

Também o vereador do Urbanismo fez o contraste com o passado, defendendo que “finalmente” se encontrou “uma boa solução”. Para Manuel Salgado, “o grande segredo” da proposta do arquitecto Miguel Saraiva “foi saber pegar no complexo desportivo e integrar um conjunto de actvidades que no fundo vêm valorizar o complexo e vêm aproveitar as sinergias que ele pode gerar”, diferentemente do que aconteceria se se optasse por habitação ou áreas de escritórios.

“Foi um programa particularmente bem imaginado”, elogiou o autarca, destacando que neste processo “a preocupação com a integração o complexo na zona onde se insere era uma das mais importantes”. Nesse sentido, Manuel Salgado destacou que vai ser demolido o pavilhão existente junto à Capela de Santo Cristo (uma pequena ermida do início do século XVI que está classificada como Imóvel de Interesse Público) e feito o “arranjo paisagístico” da envolvente.

Quanto às “dúvidas” que havia sobre “o impacto que as novas construções iam ter quando vistas do lado do rio e de Belém”, o vereador eleito pelo PS considerou que “foi sábia a forma como os edifícios foram implantados”. Segundo disse, “nenhuma construção ultrapassará a altura da cobertura do estádio”, pelo que este projecto “não terá qualquer impacto para as zonas residenciais que se localizam ao lado” do estádio do Belenenses.

Manuel Salgado notou ainda que esta intervenção “vai permitir reorganizar o sistema viário” nesta zona da cidade. Ao PÚBLICO, o vereador explicou que a intenção é que o trânsito seja canalizado para a Calçada da Ajuda e para a Avenida da Torre de Belém, desembocado na Avenida da Índia a partir dessas artérias. Assim, notou, “liberta-se a área entre os Jerónimos e a Presidência da República”, para transportes públicos e residentes.

Finalmente, o presidente da Câmara de Lisboa afirmou que este “é um projecto a todos os títulos exemplar”. “Fiquei conquistado. É a combinação de uma visão excepcional para o desenvolvimento desta área, valorizando-a pela aposta na modernidade, aliada a um projeto de sustentabilidade futura do clube”, afirmou Fernando Medina, que sublinhou que o pedido de informação prévia foi aprovado por unanimidade na autarquia.

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