Um fim-de-semana a celebrar a ria de Aveiro que continua à espera de ser desassoreada

Tradicional regata de moliceiros é o ponto alto da festa que se estende a 11 municípios. Uma comemoração que pretende dinamizar o turismo na região e lembrar que a ria continua a aguardar por uma intervenção de fundo

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Adriano Miranda

Este fim-de-semana, a ria de Aveiro - e os 11 municípios à sua volta - está em festa, naquela que é já a quarta edição do Ria de Aveiro Weekend, um evento de animação turística à escala regional que tem como ponto alto a tradicional regata de moliceiros. Este ano, estão prometidas algumas novidades – nomeadamente uma prova nacional de Kitesurf -, com a certeza de que, “em 2017 e 2018 a iniciativa irá crescer, tornando-se no principal evento da região”, promete Ribau Esteves, presidente da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA).

A partir do final de tarde desta sexta-feira e até domingo à noite, um pouco por toda a região, de Anadia até Ovar, há sempre qualquer coisa a acontecer. Desde concertos musicais, encontros gastronómicos, visitas guiadas ou mostras de artesanato, são muitas as propostas deste fim-de-semana dedicado à laguna aveirense e que tem “como vedeta”, realça Ribau Esteves, “esse elemento mais forte da identidade da ria, o moliceiro”. A tradicional regata acontece no sábado, com as embarcações tradicionais a largarem da Torreira (concelho da Murtosa) pelas 14.30 horas. A chegada à cidade de Aveiro dependerá das condições do vento (os moliceiros navegarão à vela), mas, pelas 19 horas, as embarcações já deverão estar todas concentradas no cais da Fonte Nova (em frente ao Centro de Congressos de Aveiro).

A festa em torno dos moliceiros estende-se até domingo, com o tradicional concurso de pinturas de painéis – este barco tradicional é conhecido pelas pinturas e mensagens atrevidas que exibe na proa e na popa. Por volta das 14 horas, as embarcações voltam a desfilar pelas águas da ria, desta vez para cumprirem o regresso aos seus portos de origem.

Ainda que se assuma como um evento de celebração da laguna, o Ria de Aveiro Weekend serve, também, para não deixar cair no esquecimento uma velha luta em torno da ria: as tão reclamadas obras de desassoreamento – subsistem dificuldades de navegação nalguns canais e esteiros. Considerada a principal obra do programa Polis Litoral Ria de Aveiro, a verdade é que a empreitada ainda não avançou para além do plano de intenções – sendo já certo que o Polis irá terminar. “Foram cinco anos de trabalho, com um investimento de 1,5 milhões de euros em estudos e projectos e ainda sem ver o processo finalizado”, recorda o líder da CIRA e também presidente da câmara de Aveiro.

Em Abril, de visita à região, o ministro do Ambiente reconheceu prioridade ao desassoreamento da ria de Aveiro e mostrou-se dosponível para passar a gestão desse processo para a CIRA. Na ocasião, Pedro Matos Fernandes anunciou ainda que o governo estava apostado em assegurar o financiamento dessa intervenção, orçada em 19 milhões de euros, através da reprogramação do programa operacional para os recursos naturais.

“Nesta fase, o projecto está em fase de Declaração de Impacto Ambiental (DIA) e só depois disso é que podemos começar a fechar o processo para avançar com um concurso público”, nota Ribau Esteves, sem deixar de especificar que, não obstante o anúncio deixado pelo ministro, em Abril, “ainda não há decisões” formais quanto à transferência do dossier para a CIRA.

A correr tudo bem, sem mais percalços, o líder da comunidade intermunicipal acredita que só será possível avançar com a obra de desassoreamento “no final de 2017”. “Não é sério pensar que se pode entrar em obras antes disso”, realça Ribau Esteves, recordando o exemplo da obra de requalificação da Barrinha de Esmoriz - há muitos anos reivindicada e esperada pelas populações e municípios de Ovar e Espinho -, que só agora está prestes a avançar. O arranque da empreitada, anunciou esta semana a administração do Polis Litoral Ria de Aveiro, irá acontecer no dia 16 de Setembro, um dia depois do fim da época balnear – a data acordada com o empreiteiro atende à “necessidade de gestão dos condicionalismos temporais associados às diferentes intervenções” da obra, garante a administração do Polis Ria de Aveiro.   

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