Câmara de Coimbra à procura de novas empresas para explorar Parque Verde

Estabelecimentos comerciais inundados no início do ano e sem actividade desde então levaram a autarquia a cessar o alvará da concessionária.

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O Parque Verde do Mondego, em Coimbra, é um dos locais de lazer mais procurados na cidade em dias quentes Foto: Sérgio Azenha

A Câmara Municipal de Coimbra vai abrir o procedimento para encontrar novos responsáveis pela exploração nos estabelecimentos comerciais situados no Parque Verde.

Na nota enviada aos jornalistas, a autarquia sublinha a necessidade da entrada em funcionamento destes estabelecimentos, “ainda mais premente em época estival”. Para o fazer, os vereadores aprovaram na reunião do executivo camarário desta segunda-feira a abertura de um procedimento para que “o município receba propostas de exploração”. Estão previstas duas vias (o concurso público e a negociação directa) e propõe-se que o equipamento dotado de quatro fracções seja dividido em duas, uma cujo valor mínimo de renda mensal seja de 2500 mais IVA e outra de 1400 euros, uma diferença justificada pela área de cada.No início do ano, o rio Mondego galgou as margens por duas vezes e invadiu os estabelecimentos comerciais situados na margem direita que, desde a sua abertura em 2004, são explorados pela empresa Complexo Verde do Mondego. Desde as cheias os estabelecimentos encontram-se inutilizados e não sofreram trabalhos de recuperação.

Na primeira reunião de câmara de Junho, o executivo decidiu-se pela cessação do alvará ao agrupamento de empresas, alegando o incumprimento do concessionário em vários pontos, como o pagamento de rendas. Após as cheias, o administrador do agrupamento de empresas responsável pela gestão do Parque Verde apontou para prejuízos na casa que ultrapassavam os dois milhões de euros, referindo que não tinha condições para abrir. Citado pela Lusa, o responsável mencionou que não faria sentido voltar a fazer um investimento para que houvesse uma nova cheia.

O autarca socialista, Manuel Machado, deu também a conhecer que o arquitecto autor dos edifícios do Parque Verde, Camilo Cortesão, foi já contactado para iniciar a revisão do projecto, de forma a que a parte da área de restauração fique acima do leito de cheia. Os moldes da intervenção ainda não estão definidos.

O movimento Cidadãos por Coimbra entende não ser aceitável que “num procedimento desta natureza” esteja inscrito que “os espaços poderão ainda sofrer alterações, a cargo do município” que permitam manter a exploração dos espaços “em condições climatéricas adversas que impossibilitem a utilização do piso térreo”. O vereador José Augusto Ferreira da Silva considera que deve ficar esclarecido previamente se a estrutura vai sofrer ou não obras.

O representante do movimento entende ainda que não é adequado permitir que o complexo constituído por quatro unidades seja dividido em duas. “Cada uma das fracções tem área e condições de materiais para ser explorada autonomamente”, disse na declaração de voto, sustentando que a gestão autónoma permitiria mais facilmente a concorrência de qualidade e preços nos estabelecimentos. Outro dos motivos apontados pelo responsável é a preferência “inequívoca” pela via do concurso público.

A proposta passou com a aprovação dos vereadores do PS e CDU, enquanto PSD e CpC votaram contra. O procedimento precisa ainda de ter luz verde dos deputados municipais.

O PSD, à semelhança do sucedido com todos os pontos da reunião de câmara (com a excepção de um), votou contra. Os quatro vereadores repetiram, um a um e em cada ponto da ordem de trabalhos, a mesma fundamentação: “votámos contra por terem sido violados grosseiramente os prazos de agendamento e disponibilização aos vereadores dos documentos em análise para esta reunião”. A questão do atraso na disponibilização dos documentos por partes dos serviços do município tinha sido já levantada em passadas reuniões do executivo pelo vereador do CpC. Manuel Machado justificou o atraso no envio dos documentos aos vereadores com um problema informático. O autarca, por sua vez, manifestou “estranheza” pelo facto de os vereadores do PSD não terem tido tempo de consultar “um único documento” desde sexta-feira.

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