Caetano, Pérez-Reverte e Andrew Morton num festival que quer fazer pensar

O Festival Internacional de Cultura regressa a Cascais de 9 a 18 de Setembro para a segunda edição, com orçamento a triplicar.

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O bestseller espanhol Arturo Pérez-Reverte é um dos convidados internacionais do festival ENRIC VIVES-RUBIO

Os livros que lemos, as canções que ouvimos e as peças de teatro a que assistimos têm uma relação directa com a forma como vemos a realidade. E com o mundo em convulsão, a cultura pode servir de ponte para pensar de forma crítica o que nos rodeia. É esse o espírito do Festival Internacional de Cultura (FIC), em Cascais, que regressa para a segunda edição entre 9 e 18 de Setembro com um programa de mais de cem eventos em que sobressaem encontros e debates com figuras como Caetano Veloso ou Arturo Pérez-Reverte.

Durante uma semana, mais de 60 autores literários e de não-ficção passarão pelo FIC, entre os quais 20 autores internacionais, alguns deles pela primeira vez em Portugal. O músico brasileiro Caetano Veloso, o polémico biógrafo de Diana de Gales Andrew Morton, o bestseller espanhol Arturo Pérez-Reverte e o francês Mathias Énard, prémio Goncourt em 2015, serão os protagonistas de debates como A identidade cultural é uma utopia?Escrever a vida própria, ou a vida alheia e Realidade e ficção nos romances históricos. A literatura portuguesa estará representada por nomes como Manuel AlegreAntónio Lobo Antunes e Lídia Jorge, que participarão em discussões como Poetas que escrevem romances – ou vice-versa, Pode haver amizade entre escritores? e Literatura e revolução de mentalidades. Presentes estarão também Nuno Camarneiro e Afonso Reis Cabral, prémios LeYa em 2012 e 2014, respectivamente. A LeYa, que organiza o festival em parceria com a Câmara Municipal de Cascais e com a Fundação Dom Luís I, é a casa de muitos dos autores convidados, mas o festival “não exclui outras editoras, de forma a abrir o mundo à literatura nacional”, garantiu a programadora Inês Pedrosa na conferência de imprensa desta segunda-feira na Casa de Santa Maria, em Cascais.

Para debater A política em tempos de indignação, o festival recebe Paulo Portas e o filósofo espanhol Daniel Innenarity, e para falar sobre  O terrorismo global, 15 anos depois do 11 de Setembro juntam-se o jornalista americano Michael Weiss, que se especializou em assuntos do Médio Oriente, e os portugueses Nuno Rogeiro e Paulo Tunhas. As sessões ocuparão espaços como a Casa de Histórias Paula Rego e o Centro Cultural de Cascais.

A propósito dos 400 anos da morte do dramaturgo inglês, assinalados em Abril, o FIC tem este ano como tema William Shakespeare: a Herança da Liberdade e quer tirar partido da universalidade da obra de Shakespeare para levar o debate mais além. “A cultura permite reflectir sobre aspectos da política, da economia ou da História, temas que nos afectam diariamente e que normalmente não temos tempo de pensar”, sublinhou Inês Pedrosa.

Tiago Morais Sarmento, administrador da LeYa, lembrou que o FIC pretende ser “um equilíbrio bem pensado entre as várias expressões culturais e artísticas”, razão pela qual o programa inclui exposições de Agatha Ruiz de La Prada e de Paula Rego, um ciclo de cinema ao ar livre, concertos de Cuca Roseta e HMB e uma peça de teatro, Shakespeare & Cervantes: Um encontro em Valladolid, de Anthony Burgess.

Com 20 mil visitantes na edição anterior, o festival triplicou este ano o seu orçamento.

Texto editado por Inês Nadais

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