Paulo Rios: “Estou disponível para assumir uma candidatura ao PSD Porto”

O deputado Paulo Rios assume-se como candidato ao lugar ontem deixado vago por Virgílio Macedo, líder da distrital do PSD Porto, que convocou eleições antecipadas para 23 de Julho.

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Paulo Rios quer ter uma palavra a dizer nas eleições autárquicas Miguel Manso

Paulo César Rios de Oliveira nasceu no Porto a 19 de Fevereiro de 1965. Chegou à Assembleia da República quando Pedro Passos Coelho foi eleito primeiro-ministro, em 2011, e já vai no segundo mandato. Lá, integra a primeira comissão, a subcomissão de Ética e a comissão eventual da transparência – recentemente, foi relator do documento que avaliou as incompatibilidades no caso de Maria Luís Albuquerque e da Arrow Global. No partido, já foi muitas coisas. Agora, quer liderar a distrital do Porto do PSD e ter uma palavra a dizer nas eleições autárquicas.

Ontem, a equipa dirigente da distrital do PSD Porto demitiu-se e convocou eleições para 23 de Julho. O que motivou essa decisão?

Num gesto ou numa atitude que infelizmente se está tornar recorrente, a comissão política distrital entendeu antecipar eleições novamente para Julho, como já aconteceu outras vezes, o que provocou surpresa em toda a gente.

Não era isso que alguns militantes queriam: eleições antes do final do mandato, para que fosse uma nova equipa a preparar o ciclo político das autárquicas?

O motivo que levou vários militantes, eu incluído, a pedir antecipação das eleições internas para Outubro prendia-se com duas questões: a primeira permitir a atempada preparação do acto eleitoral de 2017 e a segunda permitir que se fossem construindo projectos e alternativas, porque todos sabíamos que esta comissão política estava em fim de mandato, dado que não podia recandidatar-se. Era tão importante salvaguardar a preparação das autárquicas como salvaguardar a preparação da mudança de ciclo, permitindo o diálogo entre todos e a preparação de programas, candidaturas e projectos que pudessem conciliar-se uns com os outros.

De que modo foi passada a mensagem de que era preciso fazer eleições mais cedo?

O sentimento, ou melhor, a evidência de que era necessário adequar o mandato ao timing eleitoral já é manifestada de várias formas há algum tempo. Mas dada a inércia da comissão política, um conjunto de militantes subscreveu uma carta, que eu também elaborei, a pedir ao presidente da distrital [Virgílio Macedo] que ponderasse a necessidade de antecipar o acto eleitoral, considerado o problema das eleições autárquicas. Essa carta foi remetida a 13 de Maio e não recebeu qualquer proposta até hoje. Até segunda-feira à noite. Quando todos esperávamos que se pudesse fazer a ponderação serena da bondade da proposta no local próprio, fomos confrontados com uma antecipação para o mais curto prazo possível, de 30 dias, ou seja, fazendo cair as eleições no final de Julho, quando Portugal se prepara para ir a banhos.

Considera esse período demasiado curto?

Trinta dias é o prazo que está nos estatutos. Aliás, a primeira promessa eleitoral que qualquer candidato deve fazer é alterar os estatutos nesse ponto, porque só é possível construir uma candidatura em trinta dias se se souber antecipadamente quando é que ela vai ter início.

Se estiver a ser preparada?

Em trinta dias é muito difícil construir uma candidatura, divulgar um projecto, ouvir militantes, encontrar soluções e dialogar. Eu entendo que o presidente da distrital devia ser o primeiro autor e mentor da construção, do diálogo, do debate de ideias para poder terminar o seu ciclo com conforto. Em trinta dias, o que ele deixa atrás de si é o caos. Não há tempo para construir projectos, quanto mais para os compatibilizar.

Neste contexto, ponderaria avançar como candidato?

Eu estou disponível para assumir uma candidatura a presidente da comissão política distrital em respeito por um percurso, por uma postura e por um projecto. Desde logo, em respeito por aquilo que é o meu percurso político e que eu acho que me habilita a liderar a distrital. Em respeito também por um conjunto de pessoas que nos últimos tempos me tem procurado no sentido de me impelir a apresentar a minha candidatura, para fazer uma mudança sem ruptura, mas uma mudança de ciclo de uma forma proactiva e em diálogo. E eu não sou indiferente a esses apelos.

Tem tempo para pôr de pé essa candidatura?

Não sei. Eu não ganho sempre, mas jogo sempre para ganhar. O que eu acho é que o PSD precisa de fazer uma mudança tranquila. Tenho a convicção de que é possível fazer isso e de que posso ajudar. Tenho a convicção, aliás, de que é isso que os militantes desejam. Eu quero ser o protagonista dessa mudança, assumindo os cargos estratégicos que decidirem atribuir-me.

É verdade que da reunião da assembleia distrital, na segunda-feira, saiu logo um candidato à distrital [Bragança Fernandes, presidente da Câmara da Maia]?

Ignoro qualquer outra candidatura. A única que me preocupa, ou ocupa, será a minha. Espero que haja mais, para poder haver maior debate.

Como comenta as recentes declarações de António Tavares, Provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto, que indicou Marco António Costa para candidato à Câmara do Porto?

Falei com o próprio António Tavares sobre esse tema e, tanto quanto sei, ele fez referência a um conjunto alargado de militantes notáveis do PSD que estariam em condições de assumir cargos de grande responsabilidade como sendo a Câmara do Porto. Entre eles, citou o nome de Marco António Costa. É a opinião dele, eu respeito-a.

E conta com o apoio dele na sua candidatura à distrital?

Tenho a expectativa, quer pelo percurso que já fizemos juntos quer pelo que já reflectimos, de vir a ter o apoio dele, que seria um apoio muito importante.

Atendendo à sua preocupação com o ciclo autárquico, em que é que se vai concentrar, no Porto: apoiar Rio Moreira? Encontrar um candidato alternativo?

Como perceberá, manda o bom senso que quem está a ponderar uma candidatura interna ao partido não faça juízos de valor precipitados sobre o acto eleitoral, até porque não se sabe quem o vai conduzir. O que sei é que o PSD está num período especialmente difícil e que estas eleições serão muito difíceis no PSD. As decisões terão de ser tomadas pela próxima comissão política completamente legitimada pelo voto dos militantes. Qualquer antecipação será abusiva.

Qual é o seu relacionamento com a direcção do PSD?

O meu relacionamento é o melhor, de lealdade e de colaboração. Não formalizarei uma candidatura sem antes ter uma conversa sobre isso com o presidente do partido.

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