Exportações para Angola estão em queda há 16 meses consecutivos

Nos primeiros quatro meses perderam-se 330 milhões de euros em vendas para o mercado angolano.

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Luanda está a negociar um apoio do FMI Miguel Madeira

As vendas de bens portugueses para o mercado angolano sofreram uma nova quebra em Abril, mantendo um ciclo negativo que dura já há 16 meses consecutivos. Se em Abril de 2015 passado as vendas tinha já caído 27%, para 173 milhões, o mesmo mês deste ano assistiu a um recuo de 47%em termos homólogos (encolhendo para 91,7 milhões de euros) .

Olhando para os dados acumulados, nos primeiros quatro meses deste ano perderam-se 330 milhões de euros só em exportações para o mercado angolano, fruto da forte contracção no consumo público e privado na sequência da crise que país atravessa devido à descida do preço do petróleo. Neste momento, Angola está a negociar um novo apoio do FMI, financeiro e técnico.

As perdas nas vendas para Angola, que afectam exportadoras de um leque bastante variado de sectores, são uma das explicações dadas esta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) para a quebra verificada nas exportações no mês de Abril. Neste mês, as vendas de bens para o exterior registam uma queda de 2,5% face ao mesmo mês do ano passado, ressentindo-se da evolução negativa do comércio para países fora da União Europeia. Dentro do espaço europeu, houve um aumento de 4%, mostrando assim a tendência de manutenção da dependência dos mercados ligados à UE.

Ao nível das importações, houve uma da queda das importações, que recuaram 7,3% em comparação com o período homólogo. A diminuição ficou a dever-se ao comportamento registado nas importações extra-UE, que registaram um recuo de 23,7%.

O défice da balança comercial de bens, nota o INE, recuou 277 milhões de euros entre Abril de 2015 e Abril de 2016. Excluindo os combustíveis, a redução foi de 65 milhões de euros.

Vinho mais caro

O recuo das compras feitas por Angola também se nota no sector dos vinhos, um dos principais produtos vendidos por Portugal ao estrangeiro. Angola desceu um lugar na tabela de importadores, passando a ocupar a terceira posição (com compras correspondentes a 9,9% do total), atrás do Reino Unido e da França.

O sector – que é alvo de uma análise detalhada nesta nota do INE – está a exportar menos quantidade, mas a descida tem sido compensada por um valor mais elevado por litro. “Enquanto o valor exportado aumento continuadamente desde 2010, os litros de vinhos vendidos para os mercados externos registaram reduções a partir de 2013”, observa o documento.

Em 2012, cada litro de vinho vendido por Portugal ao estrangeiro custava 2,09 euros. Em 2015, o preço tinha subido 2,63 euros. Já no primeiro trimestre de 2016, o preço subiu para 2,70 euros. Porém, e ao contrário da tendência dos anos anteriores, nestes meses o aumento de preço não está a ser suficiente para compensar a quebra de quantidade: o valor total exportado caiu 3,6%.

O vinho do Porto continua a ser o mais popular entre os estrangeiros. No ano passado, representou 42,6% de todas as exportações do sector.

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