Associações de Deficientes querem Plano Estratégico para as Acessibilidades

As associações planeiam lançar também uma campanha nacional para denunciar a falta de acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida.

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Resolver o problema das acessibilidades em 5% da cidade custaria 10 milhões de euros, dizem os técnicos camarários RUI GAUDÊNCIO

A Confederação Nacional de Organismos de Deficientes (CNOD) e a Associação Portuguesa de Deficientes (APD) querem que o Governo crie um Plano Estratégico para as Acessibilidades que faça um levantamento dos problemas e aponte soluções.

As duas associações, juntamente com a Confederação Nacional de Reformados, Pensionistas e Idosos (Murpi) e o Movimento Democrático de Mulheres (MDM), vão realizar um passeio pelo Largo do Rato, em Lisboa, na próxima quarta-feira, dia 15, para chamar a atenção dos decisores políticos e da opinião pública para o problema das acessibilidades.

A iniciativa vai também servir para lançar a campanha nacional "Ir, vir, viver - Acessibilidades para todos", como apelo para que sejam identificados os problemas e denunciada a falta de acessibilidade com que se deparam não só as pessoas com deficiência, mas sobretudo as pessoas com mobilidade reduzida, desde idosos, a pessoas em cadeiras de rodas ou pessoas com carrinhos de bebés.

Em declarações à agência Lusa, o presidente do CNOD adiantou que as associações querem que o Governo crie um Plano Estratégico para as Acessibilidades "para se tentar ultrapassar todas as situações a nível do país" e com vista a procurar cumprir a legislação.

Legislação que, tal como explicou José Reis, existe desde 1982 e anda desde 1997 de prorrogação em prorrogação de prazos para que seja cumprida depois de nesse ano ter sido aprovado um decreto-lei que dava sete anos ao Estado português para garantir que todas as entidades públicas garantiam o acesso sem barreiras a todos os cidadãos.

Como os objectivos não foram cumpridos, foi aprovado novo decreto-lei em 2007 que estabelecia como prazo 2017 para as instituições "democratizarem a acessibilidade nos edifícios públicos e na via pública".

"Acho que é altura de não dar mais prolongamentos porque as pessoas depois acabam por não acreditar que realmente têm de fazer aquele trabalho, um trabalho que é necessário para todos nós", defendeu o responsável.

José Reis chamou a atenção para o problema dos edifícios públicos, que continuam a não ser acessíveis, para os passeios, os transportes que não estão adaptados ou estações de metro ou de comboios em que os elevadores não funcionam, o que deixa as pessoas com mobilidade reduzida impedidas de aceder aos meios de transporte.

O presidente da CNOD adiantou que a campanha nacional irá decorrer até ao final do ano, havendo na página do organismo um questionário para denunciar "os casos que constituam obstáculos à inclusão", além da associação se comprometer a publicar todas as fotos e vídeos que receber para depois fazer uma denúncia pública.

Na sequência do que for denunciado, a CNOD pretende posteriormente descentralizar a campanha e levá-la a outros pontos do país.

No comunicado enviado às redacções, a CNOD explica que o passeio pelo Largo do Rato irá juntar pessoas com deficiência, com e sem cadeira de rodas, idosos e pessoas com carrinhos de bebé para mostrar como "um dos largos mais importantes de Lisboa pode transtornar a vida a tanta gente".

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