Os atletas refugiados vão ser os primeiros a entrar no Maracanã

Comité Olímpico Internacional divulgou a lista dos refugiados que vão competir nos Jogos do Rio no próximo Verão.

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Yusra Mardini vai competir nos 100m livres da natação olímpica Getty Images/COI

Vão ter tudo o que os outros têm. Vão ficar alojados na Aldeia Olímpica, vão ser submetidos a controlos-antidoping e vão ter um número para competirem. Mas, se ganharem uma medalha, não vão ouvir o hino e ver a bandeira do país onde nasceram. Nos Jogos Olímpicos do próximo Verão, no Rio de Janeiro, serão dez os atletas refugiados a competir sob a bandeira do Comité Olímpico Internacional (COI). A equipa foi anunciada nesta sexta-feira pelo COI e terá a honra de ser a primeira a entrar no Maracanã na cerimónia de abertura, antes do país organizador (Brasil), a 5 de Agosto próximo.

Este grupo de dez inclui atletas originários de quatro países diferentes a competir em três modalidades, uma equipa seleccionada a partir de um grupo inicial de 43 atletas cujos nomes foram indicados pelos comités olímpicos dos países que acolheram os refugiados. “Isto será um símbolo de esperança para todos os refugiados do nosso mundo e vai fazer com que o mundo esteja mais atento à dimensão desta crise. É também um sinal para a comunidade internacional de que os refugiados são seres humanos e que enriquecem a nossa sociedade. Eles vão mostrar ao mundo que, apesar das tragédias por que passaram, podem dar um contributo à sociedade com o seu talento”, declarou Thomas Bach, presidente do COI, na apresentação da Refugee Olympic Team (ROT).

O atletismo é a modalidade mais representada entre os refugiados que vão estar no Rio de Janeiro. Todos os refugiados com origem no Sudão do Sul vão estar no programa atlético e quase todos em provas de meio-fundo e fundo, tendo todos feito a preparação no Quénia sob a orientação de Tegla Loroupe, antiga recordista mundial da maratona, que será também a Chefe de Missão. Yonas Kinde é o outro atleta que estará do programa atlético. Vai correr a maratona masculina, fazendo, assim, justiça à grande tradição de provas longas do seu país de origem, a Etiópia, e é o mais velho dos dez (36 anos), para além de ser aquele com mais experiência internacional. No judo olímpico, estarão dois refugiados da República Democrática do Congo e que encontraram abrigo no Brasil, Yolande Mabika e Popole Misenga.

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Os dois refugiados da Síria vão participar em provas de natação. Rami Anis já tinha representado o seu país de origem, mas, em 2011, fugiu com a família para a Turquia porque estava em idade de cumprir o serviço militar. Quatro anos depois, foi para a Bélgica, onde retomou a actividade desportiva. Yusra Mardini, por seu lado, escolheu a Alemanha como país de acolhimento em 2015 para fugir à guerra e, tanto ela como a irmã Sarah (também com experiência de representar a Síria a nível internacional, puderam continuar a vida desportiva num clube em Berlim.

Ser nadadora, contou em Março passado, chegou mesmo a salvar-lhe a vida, quando ela e a irmã estavam num barco de refugiados rumo a Lesbos, na Grécia. “Das 20 a bordo, só três pessoas sabiam nadar”, recordou. Depois, foram as duas irmãs a rebocar o barco até à costa da ilha grega.

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