Este fim-de-semana, há animação non-stop no centro histórico de Aveiro

Instalações artísticas, música, dança e até um desfile de moda inclusivo, prometem tomar conta da Rua Direita e envolventes. Iniciativa resulta do projecto “Vivó Bairro”, que junta comerciantes, moradores e a universidade

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São cerca de 500 peixes pendurados nas redes postas nos prédios Paulo Pimenta
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Paulo Pimenta

Serão cerca de 60 actividades a acontecer ao longo deste sábado e domingo, no bairro histórico de Aveiro (Rua Direita e adjacentes). Das 10h00 até às 24h00, em ambos os dias, haverá sempre algo a para ver ou fazer nesta zona central da cidade, na certeza de que, “nalguns momentos, até decorrerão actividades em simultaneo”, alerta Marina Vieira, presidente da CORDA (Comércio da Rua Direita e Adjacentes), colectividade que, em conjunto com a Universidade de Aveiro (UA), se empenhou num projecto que dá pelo nome de “Vivó Bairro”. Depois de vários meses de trabalho, com reuniões e auscultação de comerciantes e moradores, o resultado está à vista: este fim-de-semana, o bairro vai ter muita vida e animação. Uma festa que parte da própria comunidade, como faz questão de vincar a organização, e que é aberta a todos os que queiram fazer parte dela.

Concertos musicais, performances, tertúlias, oficinas, visitas guiadas, actividades desportivas e projecções de filmes, são algumas das actividades que integram o programa deste fim-de-semana que pretende ser uma “celebração do bairro histórico”. Mas há mais para descobrir por entre as ruas, lojas e espaços públicos desta zona central da cidade – precisamente a área que, outrora, estava dentro da muralha (já desaparecida). Um dos principais destaques vai para a instalação artística de inspiração marítima, que irá decorar as ruas desta zona, a partir deste fim-de-semana e ao longo de todo o Verão. São cerca de 500 peixes – de vários materiais, tamanhos e feitios – que estão pendurados nas redes de pesca instaladas no alto dos prédios, engalanando o bairro histórico aveirense.

“No ano passado, já tínhamos feito uma instalação semelhante, com peixes, conchas e búzios, tricotados. Este ano, como não temos o grupo Tricotadeiras de Aveiro connosco, fomos nós a fazer os peixes, usando inclusive materiais reciclados, e o resultado também será fantástico”, realça Ana Pedro Peres, outra das responsáveis pela CORDA.

Outra das “obras de arte” que estará em exposição será uma “porta decorada com ‘azulejos’, pintados por crianças das escolas, utentes de instituções e cidadãos em geral”, destaca Catarina Isidoro, da UA. Na verdade, “são azulejos feitos de cartão, instalados numa estrutura, mas transmitem o que as pessoas sentem e pensam para o bairro”, desvenda, por seu turno Fernando Nogueira, também ele investigador da  instituição de ensino superior aveirense. “A ideia passa, também, por simbolizar aquela que era uma das sete portas da antiga muralha de Aveiro”, acrescenta.

Várias instituições disseram “sim”
Uma das principais particularidades do “Vivó Bairro” passa pelo facto de o evento envolver várias instituições, associações, grupos informais e artistas locais. “Lançámos o desafio e logo começaram a surgir propostas e contributos”, vinca Marina Vieira. “E a ideia também era essa. Não queríamos oferecer algo às pessoas, queríamos que elas fizessem algo connosco”, aponta Fernando Nogueira, a propósito do evento que também incluirá, por exemplo, um desfile de moda inclusivo, promovido pela Associação Pais em Rede – pessoas “especiais” irão desfilar, no domingo, pelas 17 horas, apresentando as colecções de algumas lojas da cidade.

E se é ponto assente que a festa conta com o contributo de muitos, também é verdade que ela acontece “praticamente sem dinheiro”. “Temos o apoio logístico da câmara, da junta de freguesia, mas estamos a fazer tudo isto sem orçamento”, testemunha Ana Pedro Peres, em relação à festa que vem sendo preparada há já vários meses, no âmbito da parceria criada entre a CORDA e a UA. “No âmbito da participação da universidade no projecto europeu Community Participation in Planning/Participação da Comunidade no Planeamento do Território foram auscultadas as pessoas e comerciantes para saber que ideias tinham para o bairro e assim nasceu esta iniciativa e proposta de acção”, explica Catarina Isidoro, ao mesmo tempo que assegura que, a ideia é levar o projecto adiante, projectando e preparando outras iniciativas. O objectivo? Dar vida ao bairro, que por força da abertura dos centros comerciais e de outras condicionantes, foi perdendo o fulgor de outros tempos. “A Praça Marquês de Pombal é um caso paradigmático. Foi, recentemente, requalificada e está vazia”, exemplifica Marina Vieira, acrescentando: “este fim-de-semana vamos fazer o teste, ver como as pessoas aderem aos eventos neste espaço em concreto”. Além da Marquês de Pombal, o Vivó Bairro irá “ocupar” o Jardim do Museu, a Praça da República, Rua de José Rabumba, além da Rua Direita.  

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