Museu do Vinho do Porto vai mudar-se para a Ribeira

Câmara do Porto quer instalá-lo no antigo edifício do Centro Regional de Artes Tradicionais, com frente para a Rua da Reboleira e o Muro dos Bacalhoeiros

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Rui Farinha/NFactos
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A Câmara do Porto entregou, esta terça-feira, uma candidatura a fundos comunitários, no valor de 1,6 milhões de euros, e destinada à reabilitação de museus municipais, bem como a conteúdos programáticos e aos serviços educativos desses espaços. De fora ficou o Museu do Vinho do Porto, ao contrário do que estava inicialmente previsto, porque a autarquia decidiu retirá-lo do edifício alugado onde funciona e transferi-lo para o prédio do antigo Centro Regional de Artes Tradicionais, com frentes para a Rua da Reboleira e o Muro dos Bacalhoeiros, no coração do centro histórico.

A informação foi prestada pelo presidente da câmara, Rui Moreira, na sessão da Assembleia Municipal de segunda-feira à noite. Lembrando que o município está a desenvolver o conceito de um grande Museu da Cidade policêntrico – com os diferentes museus municipais como pólos -, Rui Moreira lembrou que uma das faces desse museu é o do Vinho do Porto, anunciando a vontade de o transferir.

Ao PÚBLICO, o adjunto do autarca para a Cultura, Guilherme Blanc, explica que a ideia de retirar o museu do edifício em Massarelos nasceu de forma “orgânica” e fruto de vários desenvolvimentos. Desde logo, a decisão de não alienar o edifício do CRAT (em 2012, a câmara colocou à venda o prédio de seis pisos por 734 mil euros) e, depois, a de dar um uso diferente ao inicialmente previsto para esse espaço. “O edifício devoluto está num espaço absolutamente fantástico e durante algum tempo pensou-se que poderia ser um centro interpretativo da cidade. Mas, entretanto, avançou a musealização do Rio de Cimo de Vila, que terá também centro interpretativo, o que deixava o CRAT liberto para outras coisas”, disse.

Junte-se a vontade de “expandir” o Museu do Vinho do Porto e a convicção crescente, dos responsáveis autárquicos, que o local onde ele estava instalado “não era o mais indicado” e a solução em cima da mesa começou a desenhar-se. O incentivo final poderá muito bem ter sido o valor que a câmara paga actualmente pelo arrendamento do edifício onde funciona o museu, e que ascende aos seis mil euros por mês.

Para já, não há uma data para a transferência, até porque a mudança e revitalização do Museu do Vinho do Porto será alvo de uma candidatura autónoma a fundos comunitários que a Câmara do Porto terá que entregar até ao final de Agosto. Até lá, “serão trabalhadas algumas questões para atingir a maturação desejada”, afirma Guilherme Blanc. “Queremos encontrar a forma de expandir o discurso do museu e melhorá-lo. Mas continuará a ser um espaço para descobrir o vinho do Porto, a sua relação com a cidade e a região”, diz.

Na AM de segunda-feira, os deputados aprovaram por unanimidade o protocolo entre a autarquia e a Associação Vivercidade – Associação para Promoção da Arte, que regula a cedência do Palacete Ramos Pinto, pelo prazo de 15 anos, a esta entidade, para aí instalar um centro de exposições de arte contemporânea. Em troca, a associação compromete-se a reabilitar o palacete municipal, que está devoluto e, segundo Rui Moreira, “em ruína”.

Durante a reunião, Rui Moreira levantou também um pouco o véu sobre uma das propostas que estará a ser analisada pelo grupo de trabalho tripartido – Ministério da Defesa, Câmara do Porto e União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde – criado para desenhar o futuro do Forte de S. João da Foz.

O autarca lembrou que há “um velho projecto do arquitecto Alexandre Alves Costa” que a câmara gostaria de recuperar, e que implica que os campos de ténis do Lawn Tennis Club da Foz sejam afastado da muralha do forte, “permitindo que na continuidade do jardim [do Passeio Alegre] haja um percurso pedonal que siga a muralha”. “Este projecto obrigava o Tennis Club a desencostar os campos da muralha e a absorver o espaço da escola [do outro lado da Esplanada do Castelo]. Tudo isto iria permitir um outro usufruto da muralha”, disse o autarca.

O grupo de trabalho, que nasceu da assinatura de um protocolo, em Abril, deverá apresentar os resultados do trabalho desenvolvido no último trimestre deste ano, pelo que, neste momento, nada está ainda fechado em relação a este local. Contudo, a cumprir-se a vontade expressa por Rui Moreira, aquela zona da cidade poderá sofrer grandes mudanças, já que o terreno hoje ocupado pelo clube de ténis poderá ficar colado ao Jardim do Passeio Alegre, libertando completamente a muralha do forte e fazendo desaparecer a via conhecida como Esplanada do Castelo.

A questão foi levantada durante a votação de uma proposta de isenção de pagamento de taxas pelo clube, de mais de 6400 euros, devidas pelo licenciamento de obras. A proposta foi aprovada com 36 votos a favor, 3 contra e 3 abstenções.

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