Junho outra vez

Prometeram que Junho iria começar bem. Acreditámos que sim.

Prometeram que Junho ia começar bem. Que hoje, quarta-feira, teríamos 28 graus. Cumpriram? Cumprirão? Sou partidário do duro pessimismo do AccuWeather. Acho que sim.

Amanhã será pior. Parece que o calor, como qualquer celebridade paga por cada apresentação, só aparece quando começa a festa - neste caso o dia 1 de Junho - e desopila mal começa a raiar o dia seguinte. Junho é, de longe, o melhor mês da Primavera, até por ter comprado, por ser rico e guloso, a primeira semana (e picos) do Verão. Seja como fôr, é Junho outra vez. É altura de todos darmos pancadinhas nas costas uns dos outros e umas das outras.

Junho é o mês dos milagres. É um mês que pode conter todos os outros. Ao contrario de Maio, Julho, Agosto e Setembro, Junho é um mês que parece inventado, que parece escrito. Mas Junho ficou um mês manchado. Foi no primeiro dia de Junho do ano passado que encontrei a minha mãe morta. Morreu no último dia de Maio, que em inglês é May. A mãe dela - a minha avó inglesa - chamava-se Violet May. O meu pai morreu no dia 4 de Julho. Maio, Junho e Julho são os meses da morte para a nossa família e para mim.

Prometeram que Junho iria começar bem. Acreditámos que sim. Será que, para além de toda a tristeza e de toda a superstição, fomos levados por essa estranha mas bem-vinda promessa? Tenho de acreditar que sim. É Junho outra vez. Fomos todos levados para o lugar de sangue de onde partimos. Só nos resta festejar o fim de Maio e o princípio de Junho.  Vivamos.

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