Ana Tijoux é a primeira: FMM de Sines durante todo o ano em Lisboa

A partir do próximo 30 de Junho, o Festival Músicas do Mundo, realizado anualmente em Sines e Porto Covo, começa também a escutar-se ao longo do ano no Teatro da Trindade, em Lisboa. A arrancar, a rapper chilena Ana Tijoux.

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Ana Tijoux: hip hop feminista e revolucionário, sobre fundo musical que pesca nas sonoridades populares do Chile

A partir do próximo 30 de Junho, o Festival Músicas do Mundo (FMM), realizado anualmente em Sines e Porto Covo, começa também a escutar-se ao longo do ano no Teatro da Trindade, em Lisboa. A parceria entre o festival e a sala lisboeta leva o carimbo Ciclo Mundo FMM/INATEL e pretende distribuir pelo calendário artistas cujo perfil se inscreva naquele a que nos habituámos no FMM: interpretações mais ou menos tradicionais das músicas de expressão regional de todo o mundo, mais ou menos contaminadas pela modernidade, pugnando sempre pelo combate à ignorância entre povos.

Nada melhor, por isso, do que arrancar o Ciclo Mundo com a presença da rapper chilena Ana Tijoux, a 30 de Junho, com primeira parte dos dinamarqueses Den Sorte Skole. Ana Tijoux, uma das grandes protagonistas do último FMM com o seu hip hop feminista e revolucionário, debitado sobre um fundo musical que pesca nas sonoridades populares do Chile, é uma escolha que reflecte bem até onde pode chegar a miscigenação musical do Ciclo Mundo, propondo a descoberta da música que se faz por todo o mundo sem a limitar a uma ideia folclórica. Elevado a símbolo dos movimentos contestatários estudantis chilenos, o rap melódico de Tijoux tem viajado cada vez mais para este lado do Atlântico, devendo a sua passagem por Lisboa e por Loulé (onde actuará, no dia seguinte, no Festival Med) antecipar os caminhos presentes no seu próximo álbum, com edição prevista para o segundo semestre de 2016.

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Rachid Taha, Ester Rada e Toumani Diabaté

Também pertencentes às fileiras dos hip hop, os dinamarqueses Den Sorte Skole (qualquer coisa como “a escola preta”) têm já uma carreira nacional consolidada e lançaram em 2015 o álbum que começou a despertar alguma atenção exterior. Indians & Cowboys resulta de uma aturada pesquisa, tendo o colectivo de Copenhaga usado samples de 350 álbuns da música de 75 países para conceber um disco que se passeia de forma insaciável pelas sonoridades dos quatro cantos do mundo. Em Julho, seguir-se-ão a 15 o guitarrista de blues/jazz James Blood Ulmer e, a 21, a cantora soul-funk israelo-etíope Ester Rada. Até final do ano, estão igualmente previstas as passagens pelo Ciclo Mundo FMM/INATEL de Rachid Taha, Toumani Diabaté e Canzoniere Grecanico Salentino, todos eles já conhecidos do público de Sines.

Entretanto, e ainda antes do arranque do FMM, Sines recebe de 18 a 21 de Junho o colectivo feminino maliano Les Amazones d’Afrique, grupo formado por algumas das maiores referências da música do país africano, como Oumou Sangaré, Mariam Doumbia (do duo Amadou & Mariam), Mamani Keita, Inna Modja ou Kandia Kouyaré, cujo recente EP I play the kora é o mote para a recolha de fundos com vista ao financiamento de cuidados médicos e de um programa de integração social de vítimas de violência sexual. Com este fundo político, as cantoras e músicas do Mali deslocam-se pela Europa em ateliers, ensaios e reflexões com várias populações locais. Em Portugal, esses encontros terão lugar na Escola das Artes do Alentejo Litoral, incluindo ainda apresentações públicas do projecto no Centro de Artes de Sines (dia 21) e na Fundação Calouste Gulbenkian (dia 23).

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