Oferta de compra do Banif pelo Banco Popular foi feita em Madrid

Presidente da instituição no mercado nacional refere que negócio correu à margem da operação em Portugal.

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O presidente do Banco Popular em Portugal, Carlos Manuel Álvares, foi chamado pela comissão de inquérito Nuno Ferreira Santos
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Nuno Ferreira Santos
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Gustavo Guimarães, da Apollo, pediu para ser ouvido à porta fechada Nuno Ferreira Santos

A negociação para a compra do Banif foi liderada pela casa-mãe, em Madrid, começou por explicar o presidente do Banco Popular em Portugal, Carlos Manuel Álvares, que nesta terça-feira prestou esclarecimentos na Comissão Parlamentar de Inquérito à gestão e colapso do Banif. 

“Sabia que a operação estava a decorrer, mas não participei em reuniões onde foi desenvolvida", afirmou o gestor, tendo "o processo sido liderado pela casa-mãe em Espanha" e "pelo departamento de operações de fusões e aquisições".

Nota que por esta razão tem dificuldade "em falar especificamente sobre momentos, ocorrências e datas relacionadas com este dossier em concreto".

Carlos Álvares evoca que, a 16 de Dezembro de 2015, fez chegar ao Ministério das Finanças, "e só ao Ministério das Finanças, e a mais lado nenhum", um documento, com "duas ou três folhas A4", dentro "de um envelope fechado". Nele havia "uma proposta não assinada, em inglês, e onde constam as condições em que o Banco Popular estaria disponível para comprar o Banif".

Foi este "o meu envolvimento" e "não tenho mais nenhum conhecimento", frisou, garantindo que "não leu o documento". Só a 18 de Dezembro o Banco Popular Espanha fez uma oferta de aquisição do Banif, que não passou pela sucursal portuguesa.

Na fase inicial, Carlos Álvares pediu para fazer um enquadramento (que leu) da operação do Popular em Portugal, aproveitando para explicar que em meados de 2004 o grupo espanhol adquiriu o BNC, dando "um salto". E que, a partir daí, tem estado focado “no crescimento orgânico sem descurar as oportunidades que possam existir para crescer por via de aquisições".

Referiu que quando assumiu funções de presidente executivo do Popular em Portugal foi a Espanha, onde o presidente do grupo lhe disse que "não descurava" estudar oportunidades de aquisição. 

Foi neste quadro que o convite das autoridades nacionais para o grupo espanhol apresentar uma oferta de compra do Banif, em Dezembro de 2015, seria aceite. 

Carlos Alvares, que se faz acompanhar de três assessores, reafirmou que todo o processo decorreu à margem do Banco Popular Portugal que serviu "de caixa de correio" o que justificou repetidos "desconheço".

Admitiu, no entanto, que quando o processo passou (entre 18 e 19 de Dezembro) de uma venda do Banif para uma intervenção (via resolução), a casa-mãe, em Madrid, não terá concretizado uma oferta de compra, por ser "muito conservadora".

A outra audição agendada para a tarde desta terça-feira (17h30), de Gustavo Guimarães, decorrerá à porta fechada, a pedido do representante da Apollo Management, que chegou ao Parlamento acompanhado pelo advogado Luís Cortes Martins.

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