Novo Banco despede 69 trabalhadores que não aceitaram a rescisão voluntária

Comissão de trabalhadores defende alternativas ao despedimento colectivo.

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O Novo Banco surgiu em Agosto com a separação, pelo Banco de Portugal, do BES em duas entidades Miguel Manso

O Novo Banco comunicou esta segunda-feira à comissão de trabalhadores a realização de um despedimento colectivo, que abrange os 69 trabalhadores que não aceitaram a rescisão de contratos por mútuo acordo.  Em causa estão 56 trabalhadores  do banco e mais  13 de empresas do grupo.

A comunicação à comissão de trabalhadores vem confirmar a decisão já anunciada pela administração do banco, liderada por Stock da Cunha.

O despedimento colectivo surge na sequência de um processo de redução de trabalhadores mais abrangente, envolvendo mil postos de trabalho até final do corrente ano. Boa parte dessa redução foi conseguida através de reformas e reformas antecipadas, seguindo-se depois um convite a 500 funcionários para rescisão voluntária de contratos, que foi aceite por uma larga maioria

A comissão de trabalhadores discorda do despedimento, “considerando que este processo prejudica a imagem e consequente venda do banco”. O PÚBLICO apurou ainda que a comissão de trabalhadores vai propor, em alternativa ao despedimento, que seja alargada “a possibilidade de reformas antecipadas a mais trabalhadores, bem como o lançamento de uma programa alargado de rescisões amigáveis e voluntárias”.

Os que não aceitaram a rescisão voluntária, proposta pelo banco, estão agora abrangidos pelo despedimento colectivo. Entretanto, esse universo de funcionários foi dispensado de ir trabalhar, e os aos que tentaram permanecer no seu local de trabalho foi-lhes vedado o acesso ao banco. Um trabalhador do Porto, apoiado pelo Sindicato dos Bancários do Norte, avançou com uma providência cautelar, a reclamar o direito ao trabalho, e que poderá ser decidida esta quarta-feira.

O Sindicato Nacional dos Quadros Técnicos Bancários repudia o despedimento agora anunciado. Em comunicado, a estrutura sindical refere que “o Novo Banco tem condições para se manter viável e competitivo”, e diz compreender “a decisão de reestruturação, mas não a de despedir um número tão elevado de trabalhadores”.

Decisão do BdP faz disparar prejuízos

O Novo Banco surgiu na sequência da medida de resolução aplicada ao antigo Banco Espírito Santo, que ficou com activos tóxicos, passando a ser designado por BES “mau”. As contas de 2015 deste banco, que será liquidado brevemente, revelam agora um prejuízo de 2598 milhões de euros. O prejuízo foi agravado pela deliberação do Banco de Portugal, de 29 de Dezembro de 2015, de retransmissão para o BES das responsabilidades decorrentes das cinco emissões de dívida não subordinada. Sem isso, o resultado líquido negativo seria de 360,6 milhões de euros, de acordo com os dados divulgados esta segunda-feira.

Entretanto, o Tribunal Administrativo de Lisboa decidiu manter as obrigações na esfera do BES “mau”, segundo o Jornal de Negócios. A decisão surge após a Merrill Lynch, um dos grandes investidores prejudicados com a transferência da dívida sénior, ter avançado com uma providência cautelar.

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