Boris Johnson compara objectivos da União Europeia aos de Hitler

Palavras do ex-mayor de Londres são "ofensivas" e revelam a desorientação da campanha do "Brexit", criticam apoiantes da permanência na UE.

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Boris Jonhson em campanha pela saída do Reino Unido da UE REUTERS/Darren Staples

Boris Johnson, o ex-mayor conservador de Londres que se tornou a figura mais proeminente da campanha pela saída do Reino Unido da União Europeia, comparou as intenções da Comissão Europeia e demais instituições de Bruxelas àquelas do antigo líder nazi Adolf Hitler ou do imperador francês Napoleão Bonaparte: unificar a Europa debaixo de uma única autoridade. “É isso que a União Europeia pretende, embora com métodos diferentes”, equiparou.

Num artigo para o jornal Sunday Telegraph, Boris Johnson socorreu-se dos seus Estudos Clássicos em Oxford para argumentar que desde a queda do Império Romano, a Europa se esforça por “redescobrir uma era dourada de paz e prosperidade”. “Napoleão, Hitler e várias outras personagens [históricas] tentaram, e os seus esforços acabaram sempre em tragédia. A União Europeia tenta a mesma coisa, recorrendo a métodos diferentes”, observou.

Para Johnson, o estudo da História deveria ser suficiente para perceber que “o eterno problema é que não existe nenhuma ideia de lealdade capaz de sustentar a união da Europa. Nunca haverá uma autoridade única que todos compreendem e respeitam”, vaticina, acrescentando que os esforços da União Europeia para assumir esse papel “estar a promover um enorme défice democrático”.

Os comentários de Johnson foram descritos como “ofensivos” e também “desesperados” pelo ministro dos Negócios Estrangeiros do governo sombra trabalhista, Hilary Benn, que considerou que depois de perder o argumento económico, a campanha pelo “Não” à União Europeia começava a perder a orientação e a “bússula moral”. “Comparar Hitler e o nazismo — e o Holocausto e os milhões de pessoas que morreram na Segunda Guerra Mundial às democracias livres da Europa, que se aproximam para cooperar em várias matérias, num processo que pretende consolidar a paz no continente depois de séculos de conflito, é francamente ofensivo”, criticou.

Pelo contrário, o ex-ministro Iain Duncan Smith, que deixou o Governo por se opor à permanência do Reino Unido na UE e poder participar na campanha do “Brexit”, elogiou a análise de Johnson, que lhe pareceu “muito boa” e pertinente, ao identificar os “paralelos históricos” que explicam o conceito da Europa alargada. “Ele referiu-se a este processo sem sentido para tentar juntar todos estes países, que Napoleão e Hitler e outros ensaiaram. São factos históricos. Partilho a mesma opinião de que é este processo para unir a Europa, pela força ou pela burocracia, que provoca problemas”, declarou à BBC.

Trump apoia "Brexit"

Do outro lado do Atlântico, o candidato presidencial republicano Donald Trump, aliado da campanha do “Brexit”, aproveitou uma entrevista com a britânica ITV para prometer “igualdade de tratamento” a um eventual futuro Reino Unido desligado da União Europeia. Trump referia-se aos comentários do actual Presidente Barack Obama, que na sua última paragem por Londres alertou para os riscos do “Brexit” e uma das suas consequências mais imediatas: um “não” a Bruxelas atiraria a Grã-Bretanha para o “fim da fila” nas negociações de acordos comerciais com os EUA.

“O que posso dizer é que comigo não irão parar ao fim da fila, de maneira nenhuma”, prometeu o milionário que deverá ser confirmado como o candidato do Partido Republicano na convenção de Cleveland, em Julho. “Não quer dizer que passassem para a frente de ninguém: quando eu for Presidente vou tratar todos igualmente. O que quer dizer é que não faz diferença nenhuma se estão na União Europeia ou não”, explicou Trump, dizendo que “se fosse britânico provavelmente quereria regressar ao sistema anterior”.

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