Pais de bebé retirado no Reino Unido pedem intervenção portuguesa

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Iolanda Menino em protesto a 14 de Abril frente à embaixada britânica DR

Os pais de um bebé que foi retirado em Fevereiro, com nove dias, pelos serviços sociais ingleses, pedem às autoridades portugueses que intercedam junto do Reino Unido para que o filho lhes seja devolvido e não entregue para adopção. Há um mês, o casal esteve em Lisboa para sensibilizar a opinião e as autoridades portuguesas a intervirem junto das autoridades inglesas. Então, manifestaram-se frente à embaixada do Reino Unido, onde entregaram uma carta. Desde então não regressaram porque, afirmam que no Reino Unido foram impedidos de falar publicamente sobre o caso, sob ameaça de prisão.

A mãe, a portuguesa Iolanda Menino, e o pai, Leonardo Edwards, de nacionalidade britânica, já pediram audiências ao Presidente da República, ao primeiro-ministro, ao ministro dos Negócios Estrangeiros e aos partidos com assento parlamentar, e têm realizado protestos em Lisboa para pedir a intervenção das autoridades portuguesas.

O casal teve um filho, na sua casa em Southampton, a 1 de Fevereiro, mas o bebé foi-lhes retirado pelos serviços sociais ao fim de nove dias.
"Quero a certeza de que o menino nos é entregue. Senão, todos vão ser testemunhas de um rapto de um bebé. É a vida de um bebé que está em causa", disse Lusa Iolanda Menino.

A mulher afirma que o tribunal não tem acusações contra o casal: "Não há motivo nenhum para terem o menino longe dos pais. Não há alegações, então entreguem o menino", exigiu a mãe. O casal relatou que, na sequência do parto, a mulher sofreu uma hemorragia e foi internada, no mesmo dia, para a remoção da placenta, e teve alta no dia seguinte.

Os pais acusam a enfermeira do sistema nacional de saúde que foi a casa acompanhar o parto – onde já estava uma doula contratada pelo casal – de puxar o cordão umbilical, provocando uma forte perda de sangue. No terceiro dia de vida da criança, duas enfermeiras dirigiram-se à casa de Iolanda e Leonardo, em ocasiões diferentes, para observar o bebé, mas o casal recusou-se a abrir a porta, alegando que a mãe estava cansada e que não havia marcação para estas visitas. Também um agente da polícia se deslocoutendo, então, visto a criança. Ficou marcada uma consulta com uma enfermeira para o dia 12 de Fevereiro.

Os pais levaram a criança para o hospital aos cinco dias de vida por ter icterícia. Santiago ficou internado para um tratamento de três dias, mas os pais foram então informados de que o tribunal decidira que a criança lhes seria retirada.

Iolanda Menino descreveu que não tiveram sequer oportunidade de se despedir do filho, porque quando tentaram fazê-lo, disseram-lhes que o bebé já tinha sido levado. Desde então, o casal viu o bebé em períodos diários de 90 minutos, mas não diariamente, até 4 de Março, quando o viram pela última vez.

As autoridades inglesas, que se escusaram a comentar casos particulares, deverão decidir, na próxima sexta-feira, dia 20, se entregam a criança definitivamente para adopção, mas Iolanda Menino e Leonard Edwards instaram os serviços sociais do Reino Unido a entregar-lhes a criança, esta quarta-feira à tarde, no aeroporto de Lisboa.

Recorde-se que os casos de crianças retiradas a famílias no Reino Unido cresceram com incentivos à adopção e que várias famílias de origem portuguesa, entre dezenas de milhares de famílias estrangeiras e sobretudo britânicas alegam que os filhos lhes foram retirados sem justificação. Em 2014, a frequência e a gravidade dos casos motivou uma petição ao Parlamento Europeu com mais de 3600 assinaturas envolvendo famílias que se dizem vítimas de processos injustos, concluídos, nalguns casos, com a adopção irreversível das crianças sem o seu consentimento.

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