Isabel dos Santos inaugura hipermercado em Luanda

Objectivo é abrir dez lojas Candando em cinco anos, num investimento global de 400 milhões de dólares.

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Isabel dos Santos chegou a ter uma parceria com a Sonae para o retalho Fernando Veludo/nFactos

A empresária angolana Isabel dos Santos inaugurou em Luanda o primeiro hipermercado "Candando", um investimento de 40 milhões de dólares que vai apostar na produção angolana, mas limitando as vendas por cliente para evitar a especulação.

Inserida no Shopping Avenida, em Talatona, nos arredores de Luanda, esta primeira loja do grupo de distribuição Contidis, detido integralmente por Isabel dos Santos, foi inaugurada na presença de cinco ministros angolanos (Comércio, Indústria, Pesca, Agricultura e Economia) e ocupa uma área de dez mil metros quadrados.

A inauguração envolveu uma visita guiada realizada por Isabel do Santos, que não prestou declarações aos jornalistas, com paragens mais longas nas zonas de venda de produtos nacionais, nomeadamente peixe, frutas e legumes. "É nosso", repetia a empresária, filha do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, e considerada uma das mulheres mais ricas de África.

Para esta primeira loja, que levou à criação de 750 postos de trabalho directos, o grupo já firmou contratos com 15 produtores nacionais, que vão fornecer 90% das necessidades de vegetais e mais de 40% das de fruta, chegando a 300 toneladas por mês. No total, o grupo estima a compra semanal de 225 toneladas de produtos angolanos oriundos de todas as províncias, como o peixe fresco adquirido quase na totalidade nas praias entre Ambriz e Porto Amboim.

A marca Candando (abraço) foi criada há cerca de seis meses e é liderada por Miguel Osório, ex-quadro da Sonae (dona do PÚBLICO) e agora director-geral do projecto angolano, depois do fim da parceria de Isabel dos Santos com aquele grupo português de retalho.

Este investimento surge precisamente numa altura de forte crise em Angola, devido à quebra nas receitas com a exportação de petróleo, o que tem provocado a escassez de vários produtos nos hipermercados do país, tendo em conta a dificuldade de divisas para garantir importações.

A loja, que abre portas na quarta-feira, está totalmente abastecida de produtos nacionais e importados, em contraste com os corredores da generalidade dos hipermercados de Luanda.

Miguel Osório admite que o momento actual poderá levar à rotura pontual de alguns produtos no futuro, mas garante que para já há "alguma capacidade de stock para responder à muita procura" esperada. "Esta loja está preparada para aguentar, calmamente, sem qualquer tipo de perturbação, nos próximos meses", garantiu.

"A limitação [vendas de determinados produtos por cliente] vai existir, não no sentido de prejudicar as famílias angolanas, mas para evitar fenómenos de açambarcamento que por vezes têm como objectivo não o consumo e sim a especulação para a venda noutros locais. Todas as medidas de limitação têm a ver só com o facto de se evitar o negócio especulativo", disse aos jornalistas o director-geral do grupo, que assume o objectivo de se tornar o número um no retalho em Angola.

A Contidis prevê a abertura de dez lojas Candando em cinco anos, num investimento global de 400 milhões de dólares (350 milhões de euros).

No exterior da área da loja funcionam lojas do banco BIC, da operadora de telecomunicações Unitel e da operadora de televisão por satélite Zap, empresas angolanas participadas por Isabel dos Santos.

O próximo hipermercado do grupo será instalado no centro de Luanda, no prazo de um ano, anunciou o director-geral do grupo.

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