Sem testamento, o património de Prince será gerido pelo Bremer Trust Bank

Tyka Nelson, irmã do músico, interpôs uma acção num tribunal de Minneapolis para que lhe seja atribuída a gestão do património de Prince, falecido aos 57 anos na última quinta-feira. Para já, o juiz decidiu atribuir a gestão temporária ao Bremer Trust Bank

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O facto de Prince gerir por si próprio muitos aspectos da sua carreira pode tornar-se agora um problema AFP PHOTO / JEFF HAYNES e Roberto SCHMIDT

Aparentemente, Prince não terá deixado qualquer testamento, o que poderá dar início a um complexo processo legal para determinar quem serão os detentores do seu património. Tyka Nelson, a irmã do músico falecido as 57 anos na última quinta-feira, interpôs uma acção num tribunal de Minneapolis para que lhe seja atribuída a gestão do património do irmão, noticia a Associated Press.

Tyka Nelson não está, porém, sozinha. Na petição estão também incluídos como herdeiros os cinco meio irmãos de Prince, a quem a lei do Minnesota atribui os mesmos direitos sucessórios. Tyka Nelson requisitou quarta-feira ao tribunal que indicasse um administrador para o património, “dado que nenhum representante oficial foi designado, no Minnesota ou em qualquer outro lugar”, como se lê na petição, citada pelo New York Times. Esta quinta-feira foi noticiado que o juiz Kevin Eide atribuiu ao Bremer Trust Bank a administração temporária do património de Prince, tal como fora solicitado por Tyka Nelson. O juiz justificou a rápida decisão com o facto de, apesar de o músico não ter um representante oficial designado, deter bens e negócios que necessitam de gestão contínua.

O facto de Prince ter preferido, ao longo da sua carreira, chamar a si a condução directa de vários aspectos da sua carreira, como as negociações de contractos discográficos ou de digressões, levará muito provavelmente a que o músico não tenha deixado contabilidade organizada, defendem fontes da indústria discográfica. “Pode ser uma grande tragédia”, afirmou Howard E. King, advogado ligado à área do entretenimento que trabalhou com Prince no passado. “Pode haver uma diferença de valoração de centenas de milhões de dólares, conforme sejam ou não as pessoas certas a gerir o património”, declarou ao New York Times.

A Rolling Stone, por sua vez, adianta que a inexistência de um testamento não é ainda um dado adquirido. A lei do Minnesota contempla a homologação secreta de um testamento, que apenas será tornado público quando da emissão de uma certidão de óbito. A de Prince não foi ainda emitida, dado que se aguardam os resultados dos testes de toxicologia realizados quando da inconclusiva autópsia ao cantor de 1999.

E quanto valerá, afinal, o património de Prince? Ninguém parece ter uma resposta. O complexo de Paisley Park, onde o músico vivia, gravava e organizava regularmente festas-concerto, e as restantes propriedades que detinha em Minneapolis estarão avaliados em 27 milhões de dólares (23,85 milhões de euros). Mas o que valerá, por exemplo, o famoso cofre musical de Prince, ou seja, essa alegadamente vastíssima colecção de material não editado que ganhou estatuto lendário entre os fãs e os agentes da indústria discográfica? Só o saberemos quando um gestor de património for oficialmente anunciado.

O que podemos começar a imaginar desde já é uma visita ao coração da criatividade de Prince. Sheila E, baterista e colaboradora desde os anos 1980, disse ao Entertainment Tonight que o músico estava a transformar o espaço num museu. “Ele estava a reunir memorabilia e material de todas as digressões, como a minha bateria e a sua mota. Há um corredor com os seus prémios, a que ele, na verdade, não ligava nenhuma, mas que deixou expostos porque sabia que os fãs iriam querer vê-los”.

Enquanto as portas de Paisley Park não forem abertas ao público, haverá sempre a música. Replicando o que aconteceu quando da morte de Michael Jackson ou de David Bowie, muita música de Prince tem sido ouvida desde a sua morte. Nos Estados Unidos, foram comprados 650 mil álbuns e 2,8 milhões de canções desde quinta-feira. E esta terça-feira, os Revolution, a mítica banda de Prince na década de 1980, anunciou o seu regresso para uma série de concertos

Actualizado às 11h de 28/04/2016: Incluída a informação de que o Bremer Trust Bank foi apontado como gestor temporário do património de Prince

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