Um Nobel para 51 mil metros quadrados

A Holanda é o país convidado da 29.ª edição da Feira Internacional do Livro de Bogotá, que todos os anos tenta ter um Nobel da Literatura no programa.

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O pavilhão da Holanda não tem apenas literatura, mas também secções dedicadas ao design e à arquitectura GUILLERMO LEGARIA/AFP

“A Holanda tomou conta da Feira mas também da cidade”, disse Adriana Martinez”, directora da Feira Internacional do Livro de Bogotá (FILBO) cuja 29.ª edição decorre de 19 de Abril a 2 de Maio na capital colombiana.

A Holanda é este ano o país convidado. Mais de 20 autores holandeses, incluindo escritores, designers, arquitectos e outros artistas, têm sessões agendadas no enorme pavilhão cor-de-laranja no centro da FILBO. Mas também por teatros, bibliotecas e museus espalhados por Bogotá.

“Uma novidade deste ano é que o pavilhão principal não tem apenas literatura, mas secções dedicadas ao design e à arquitectura”, acrescentou Adriana Martinez, que a partir do próximo ano será substituída na direcção da Feira pelo português Pedro Rapoula.

O design do livro é um dos temas do pavilhão holandês, com uma exposição de Irma Boom, conhecida na Holanda como a “arquitecta do livro”. Um dos responsáveis pela exposição explica aos visitantes os processos de fabrico dos livros e a importância do design gráfico, segundo as teses de Irma Boom. Mas faz também uma pequena palestra citando estudos segundo os quais o livro em papel não irá desaparecer tão cedo. “O livro é um objecto, que existe no mundo tridimensional”, diz ele. “Por isso é ainda mais importante hoje, na era digital."

O programa da feira deste ano inclui conferências sobre Shakespeare e Cervantes, nos 400 anos da morte de ambos, sessões sobre culinária e literatura gastronómica, encontros de jornalismo sobre guerra e resolução de conflitos, na sequência do processo de paz colombiano que selou o braço-de-ferro entre o governo e os guerrilheiros das FARC, e as palestras da principal convidada do ano, a bielorrussa Svetlana Alexievich, Nobel da Literatura em 2015.

“Todos os anos temos um Nobel”, explica Enrique González, presidente da Câmara Colombiana do Livro, principal parceiro na organização da feira. “Trazemos autores de best-sellers, e outros menos conhecidos. O objectivo é que os leitores contactem com os seus autores preferidos, conheçam outros. E promover contactos. Dantes os autores colombianos eram muito fechados, agora conversam com escritores estrangeiros, alargam temáticas, proporcionam debates interessantíssimos."

Ao todo, esta edição da FILBO tem cerca de 1.500 eventos culturais, mais de 160 editoras, 23 pavilhões, 500 expositores, enumera Enrique. Num recinto com 51 mil metros quadrados que será expandido a partir do próximo ano, com a construção de um novo centro de congressos contíguo.

“A FILBO é já o evento cultural mais importante da Colômbia. Tem contribuído para melhorar a imagem de Bogotá, atrair turistas”, acrescenta o director da Câmara Colombiana do Livro.

Este ano, outra das principais novidades é a componente profissional da feira. Há encontros de editores e instituições, e outros eventos de promoção de negócios, aproveitando a dinâmica e o prestígio que a FILBO tem conquistado como feira dirigida ao público. Pela primeira vez há também um Salão de Direitos de Autor, organizado pela empresa de consultores editoriais portuguesa Booktailors.

O preço de entrada num dia de FILBO, com direito a assistir a todas as sessões, de todos os pavilhões e auditórios, é de sete mil pesos, o equivalente a pouco mais de um euro. Com descontos para jovens e estudantes.

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